Após o marido de Kouri Richins morrer no ano passado, ela escreveu um livro infantil que pretendia ajudar os três filhos a processar a perda, confortados pela ideia de que seu pai sempre estaria com eles.
Na segunda-feira (8), pouco mais de dois meses depois da publicação do livro "Are You With Me?" (você está comigo?), Kouri, 33, foi acusada de assassinar o marido, envenenando-o com uma dose letal de fentanil em sua casa nos arredores de Park City, no estado de Utah, no centro-oeste dos EUA.
Um relatório de autópsia e toxicologia determinou que Eric Richins, 39, tinha em seu organismo cinco vezes a dose letal de fentanil e que a droga era ilícita, não de uso médico. O médico legista também concluiu que o fentanil tinha sido ingerido por via oral, segundo documentos judiciais.
Kouri publicou "Are You With Me?" em 7 de março, pouco mais de um ano após a morte do marido. Algumas semanas depois, ela apareceu na emissora KTVX-TV em Salt Lake City para promover o livro, que conta a história de um menino que perdeu o pai, mas é lembrado de sua presença.
"Meus filhos e eu escrevemos este livro sobre as diferentes emoções e processos de luto que experimentamos no ano passado, esperando que isso pudesse ajudar outras crianças a lidar com o fato e a encontrar felicidade de uma forma ou de outra", disse Kouri à KTVX. "É reconfortante para eles saber que não estão vivendo a vida sozinhos. Papai ainda está aqui, mas de uma maneira diferente."
Uma audiência de detenção está marcada para 19 de maio. Seu advogado não respondeu a um pedido de comentário. De acordo com documentos judiciais, em 3 de março de 2022, o casal comemorava a venda de uma casa por Kouri, que é corretora de imóveis, quando ela preparou para o marido um coquetel de vodca com limão e gengibre por volta das 21h e o levou para o quarto, onde ele bebeu na cama.
Ela disse aos investigadores que foi para a cama, mas acordou por volta das 3h porque um de seus filhos estava tendo um pesadelo. Quando voltou ao quarto do casal, teria tocado em Eric, que "estava frio" e, em seguida, ligado para o 911, o número de emergência nos EUA. Quando as equipes médicas chegaram, encontraram o marido de Kouri no chão ao pé da cama, segundo os documentos do processo. As medidas de salvamento não reanimaram Eric, que foi declarado morto.
Kouri disse aos policiais que havia deixado o telefone conectado ao lado da cama quando foi verificar o filho. Mas os investigadores descobriram mais tarde que o aparelho tinha sido bloqueado e desbloqueado "várias vezes" entre o momento em que ela disse ter ido ao quarto do filho e a ligação para o 911 e que a corretora havia enviado e recebido mensagens durante esse tempo. As mensagens foram apagadas posteriormente, dizem os documentos do tribunal.
Além de assassinato, Kouri também foi acusada de três casos de posse de uma substância controlada, o ácido gama-hidroxibutírico, com intenção de distribuí-la. O GHB, como também é conhecida, é uma droga de narcolepsia usada recreativamente em boates que tem sido chamada de "droga do estupro".
Uma busca no telefone de Kouri encontrou "várias comunicações" com "um conhecido". C.L., como essa pessoa foi identificada nos documentos, já teria enfrentado várias acusações ligadas a drogas e disse aos investigadores que a corretora o procurou entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022 pedindo ajuda para obter analgésicos prescritos para um investidor que "teve uma lesão nas costas".
Duas semanas após a entrega dos analgésicos, Kouri teria contatado C.L. novamente e dito que estava procurando "algo mais forte". Ela teria pedido "algumas coisas do Michael Jackson", especificando o fentanil. C.L., então, vendeu de 15 a 30 comprimidos de fentanil por US$ 900.
Em 14 de fevereiro de 2022, três dias depois que Kouri comprou as pílulas, Eric adoeceu após um jantar de Dia dos Namorados em sua casa em Kamas, em Utah. Mais tarde, ele disse a amigos que achava que sua mulher estava tentando envenená-lo, segundo documentos judiciais.
Duas semanas depois, Kouri contatou C.L. novamente, pedindo mais US$ 900 em comprimidos de fentanil. C.L. adquiriu as pílulas de um traficante, dizem os documentos, e as deixou para a corretora do lado de fora de uma casa que ela estava vendendo em Midway, em Utah, ao sul de Park City.
"Seis dias depois", dizem os documentos, "Eric foi encontrado morto por overdose de fentanil".
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