Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

EUA miram dinheiro do Grupo Wagner e anunciam sanções contra empresas suspeitas de financiá-lo

Alvos são companhias que teriam feito negociações ilícitas em ouro com grupo mercenário russo

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Washington | Reuters

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (27) um pacote de sanções contra empresas nos Emirados Árabes Unidos, na República Centro-Africana e na Rússia sob suspeita de financiar ilegalmente ações do Grupo Wagner na Ucrânia e em países africanos.

Em um comunicado, o Departamento do Tesouro dos EUA disse que quatro companhias que teriam negociado em ouro com a força mercenária russa serão afetadas, além de seu líder, Ievguêni Prigojin.

Agentes russos em frente à sede do Grupo Wagner, em São Petersburgo
Agentes russos em frente à sede do Grupo Wagner, em São Petersburgo - Anton Vaganov - 24.jun.23/Reuters

O Grupo Wagner lutou em países como Líbia, Síria, República Centro-Africana e Mali, além de ter travado algumas das batalhas mais sangrentas dos 16 meses da Guerra da Ucrânia. A milícia foi fundada em 2014, após Moscou anexar a península ucraniana da Crimeia e começar a apoiar separatistas pró-Rússia na região de Donbass, no leste ucraniano.

"O Grupo Wagner financia suas operações brutais em parte explorando recursos naturais em países como a República Centro-Africana e o Mali. Os EUA continuarão mirando seus fluxos de receita para desgastar sua expansão e violência na África, na Ucrânia ou em qualquer outro lugar", disse o subsecretário de Terrorismo e Inteligência Financeira do Tesouro, Brian Nelson.

O grupo não respondeu imediatamente às acusações.

As empresas Midas Ressources e Diamville, com sede na República Centro-Africana, Industrial Resources General Trading, com sede em Dubai, e Limited Liability Company DM, com sede na Rússia, foram atingidas com as sanções.

Os EUA também emitiram um comunicado destacando os riscos levantados pelo comércio de ouro na África Subsaariana e incentivando os participantes do setor a fortalecer suas práticas de diligência "à luz de relatórios cada vez mais preocupantes relacionados ao papel de atores ilícitos no comércio de ouro, incluindo o Grupo Wagner". Washington também impôs sanções a Andrei Nikolaievitch Ivanov, cidadão russo que o Tesouro acusou de ser um executivo do grupo mercenário.

Antes do anúncio, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, já havia mencionado medidas contra o Wagner, embora não as tenha detalhado. "Acreditamos que, aonde quer que o Wagner vá, o grupo semeia morte e destruição pelo caminho. Prejudica as populações locais, extrai minerais e tira dinheiro das comunidades onde opera", afirmou Miller. "Por isso, seguimos pedindo aos governos da África e de outros locais que encerrem qualquer cooperação com o grupo."

Com essas ações, Washington pretende afastar a teoria de que esteve envolvida na crise, apesar de uma eventual participação de serviços de inteligência estrangeiros estar sob investigação de Moscou, segundo o chanceler russo, Serguei Lavrov. Na segunda-feira (26), o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que seu país não teve envolvimento no motim.

O grupo mercenário enfrenta diversas suspeitas de violência extrema em suas ações. Em abril, ONGs cobraram internacionalmente respostas do regime do Mali após a morte de 200 a 300 pessoas em uma ação contra radicais islâmicos na região central do país. A principal suspeita é a de que o Wagner, contratado pelo regime, tenha participado da operação.

Na República Centro-Africana, um relatório da ONU do ano passado registrou que grupos armados russos ajudaram o governo em casos de uso excessivo da força, assassinatos de civis, ocupação de escolas e saques em grande escala. Já na Síria, que lida com uma guerra civil há mais de uma década, a ONG Human Rights Watch divulgou em 2020 que Prigojin estava entre as pessoas que poderiam ser responsabilizadas por violações aos direitos humanos no conflito.

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