Descrição de chapéu União Europeia

Homem que enfrentou esfaqueador na França é exaltado como 'herói da mochila'

Henri d'A ganhou segundos preciosos até chegada da polícia e impediu que mais pessoas fossem atacadas

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São Paulo

Um peregrino de 24 anos está sendo chamado de herói nacional depois de enfrentar o autor de um ataque na cidade francesa de Annecy e impedir que a tragédia fosse ainda maior. Henri d'A usou a mochila para conter o agressor que esfaqueou seis pessoas, incluindo quatro crianças, em um parque, na quinta (8).

Henri estava perto do local do ataque quando ouviu gritos desesperados de uma mulher que tentava proteger um bebê em um carrinho. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram que o homem ficou frente a frente com o agressor, afastando-o do parquinho, onde estavam outras crianças.

Henri d'A, apelidado de 'o herói da mochila', escuta fala do presidente Emmanuel Macron durante encontro em Annecy, na França
Henri d'A, apelidado de 'o herói da mochila', escuta fala do presidente Emmanuel Macron durante encontro em Annecy, na França - Denis Balibouse/Pool/Reuters

Para tal, usou uma das mochilas para se proteger. Depois, quando o agressor voltou ao parque, Henri arremessou o item contra ele. O peregrino ainda perseguiu o criminoso quando ele tentava fugir.

De acordo com autoridades locais, Henri ganhou segundos preciosos até a chegada da polícia e impediu que mais pessoas fossem atacadas. A mídia local o apelidou de "herói da mochila".

Ele foi recebido, junto a funcionários públicos da cidade onde o ataque ocorreu, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, nesta sexta (9), em uma espécie de homenagem. Macron publicou fotos com todos no Twitter e escreveu "a face da França que salva, que cura; minha gratidão e o meu orgulho."

Poucos detalhes sobre Henri foram divulgados. Nas redes sociais, ele publicou um comentário sobre o episódio, dizendo que estava bem e pedindo aos seus seguidores que orassem pelas crianças feridas.

Em entrevista à emissora CNews, Henri contou que viaja pela França para conhecer catedrais e disse que a fé católica lhe deu forças para lutar contra o agressor. "Tudo o que eu sei é que não estava lá por acaso. Cruzei com este homem e agi instintivamente. Era impensável não fazer nada", afirmou ele. "Tentei assustá-lo e deixar claro que ele não podia fazer o que quisesse."

Morador de Paris, Henri mantém uma página em uma rede social com registros da viagem. Embora esteja chocado com os acontecimentos da véspera, apontou como ponto positivo o fato de seu projeto ter ganhado visibilidade. "Agradeço a Deus que poderei alcançar mais pessoas."

Segundo Henri, o cronograma da viagem não deve ser alterado. Ele é estudante de administração e de filosofia e diz ter o objetivo de mostrar como a "beleza das catedrais pode nos nutrir e nos ajudar a fazer a coisa certa".

Uma missa em homenagem às vítimas e seus familiares foi realizada na catedral de Annecy nesta sexta. Na véspera, o refugiado sírio identificado como Abdalmasih H. esfaqueou de forma aleatória seis pessoas, incluindo quatro crianças. Ele foi detido pela polícia, e o Ministério Público descartou motivação terrorista.

Segundo o ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, o homem carregava uma cruz no momento em que foi preso. O jornal Le Monde relatou que ele dizia frases como "em nome de Jesus Cristo" no momento do ataque. A emissoras locais uma mulher que diz ser ex-esposa do agressor afirmou que o ex-companheiro era cristão e que nunca havia demonstrado traços de uma personalidade violenta.

Ao comentar o episódio, Henri apontou a contradição do agressor ter usado o nome de Jesus em um episódio de violência. "Acho que algo muito ruim o habitava." Nas redes sociais, os perfis do "herói da mochila" foram inundados com mensagens de agradecimento. "Que Deus te abençoe. Você fez o que pôde naquele momento, não desistiu, não correu. Você é um anjo", escreveu uma usuária no Instagram.

As crianças feridas têm idades entre 1 ano e 10 meses a 3 anos. Três delas continuam hospitalizadas e receberam a visita de Macron, que viajou acompanhado da primeira-dama, Brigitte. Ele disse que a recuperação de uma das crianças, com idade pré-escolar, estava "indo na direção certa", e o ministro das Relações Exteriores disse que outra vítima, de nacionalidade holandesa, está fora de perigo.

Segundo o porta-voz do governo, Olivier Véran, duas crianças permanecem em estado crítico. Num contexto de tensão política devido à implementação de uma reforma migratória na França, ele pediu prudência e disse ser necessário esperar a conclusão das investigações antes da tomada de decisões.

O suspeito não tem antecedentes criminais e não era investigado por nenhum serviço de inteligência regional. Tampouco tinha histórico psiquiátrico, segundo as autoridades, e não estava sob efeito de entorpecentes ou de álcool no momento em que realizou o ataque.

Ele deve passar em breve por um exame psiquiátrico. Segundo a emissora local da France Bleu, o agressor ainda não havia sido interrogado, já que estava agitado e até "se revirava no chão" da delegacia.

À espera de respostas, dezenas de cidadãos de Annecy depositaram flores brancas, bichos de pelúcia, velas e bilhetes com mensagens de apoio em um pequeno memorial improvisado no local do atentado, onde as crianças voltaram a brincar horas depois do ataque.

Com Reuters e AFP

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