Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Mercenários podem se juntar ao Exército ou ir para Belarus, diz Putin

Presidente russo fala pela primeira vez sobre fim do motim, que, segundo ele, seria reprimido com ou sem acordo

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São Paulo

Após costurar um acordo em que trocou anistia aos amotinados do grupo mercenário Wagner pelo fim de um levante armado inédito em seus 24 anos de poder, o presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta segunda (26) que os rebelados poderão escolher entre submeter-se às Forças Armadas ou ir para a Belarus.

Foi a primeira manifestação de Putin após a crise, que ocorreu na sexta (23) e no sábado (24), com seu ex-aliado Ievguêni Prigojin, chefe da organização paramilitar privada que atua na África, na Síria e na Ucrânia.

Putin faz pronunciamento na TV estatal russa na noite desta segunda (26), tarde no Brasil
Putin faz pronunciamento na TV estatal russa na noite desta segunda (26), tarde no Brasil - Kremlin.ru/Reuters

"A rebelião armada seria reprimida de qualquer forma. Agradeço aos soldados que tomaram a decisão de parar o derramamento de sangue", disse o presidente russo. Ele também agradeceu ao ditador Aleksandr Lukachenko, da Belarus, "pela solução pacífica" encontrada em sua mediação da crise.

Com a decisão, sai vencedor da disputa o grupo do ministro da Defesa, Serguei Choigu, que por meses era alvo de críticas de Prigojin. Há duas semanas, ele lançou o decreto obrigando a assinatura de contrato por mercenários, o que o líder do Wagner rejeitou, dando início à crise atual.

Restará sempre saber se Prigojin foi atraído a radicalizar para aí ser enquadrado ou se, como disse mais cedo, resolveu tomar o assunto com suas próprias mãos e "marchar até Moscou". Ainda há a possibilidade, nunca descartável na intrincada política russa, de o mercenário ter arranjado sua saída do guarda-chuva da Defesa russa e encontrar o beneplácito na Belarus, ainda assim servindo ao Kremlin.

"Qualquer motim irá falhar", afirmou Putin num pronunciamento seco de cinco minutos, que frustrou quem esperava alguma dramaticidade adicional aos fatos que se sucederam de forma vertiginosa. Ao fim, buscou baixar a temperatura, ainda que tenha admitido "a grave situação" a que o país foi submetido.

Na tarde de sábado, havia helicópteros e pelo menos um avião russo abatidos pelo Wagner, cujos pilotos mortos foram homenageados por Putin, e uma coluna armada do grupo chegou a cerca de 400 km de Moscou após Prigojin tomar para si o Comando Militar do Sul, em Rostov-do-Don.

Ao desenhar o que deve ser o destino do Wagner, que já estava montando um campo grande para 8.000 soldados na Belarus, Putin voltou a dizer que quem participa de sublevações é "um traidor".

Ele havia usado o termo contra Prigojin e os rebeldes em uma fala no sábado, antes de acabar cedendo e prometendo a anistia que confirmou na TV russa. E ainda distribuiu elogios aos soldados do Wagner, considerados alguns dos melhores da Rússia, entre os quais disse haver "muitos patriotas".

Prigojin nunca disse que queria derrubar Putin, e sim Choigu, ainda que não com todas as letras. Repetiu essa afirmação em gravação divulgada nesta segunda, afirmando que sua prioridade era denunciar os erros na Guerra da Ucrânia e garantir a sobrevivência do Wagner.

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