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Quem foi o 'Unabomber', criminoso que inspirou série e foi encontrado morto

Kaczynski foi condenado a prisão perpétua sem liberdade condicional após escapar por quase duas décadas

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Matt Murphy
BBC News Brasil

Ted Kaczynski, 81, mais conhecido como Unabomber, foi encontrado morto em sua cela na prisão neste sábado (10). Ele matou três pessoas e feriu 23 durante uma onda de bombardeios em massa entre 1978 e 1995. Mais tarde, declarou-se culpado de seus crimes. Ele foi preso em 1996 e condenado a prisão perpétua sem liberdade condicional em 1998, depois de escapar por quase 20 anos.

Ted Kaczynski, o 'Unabomber', escapou da prisão até 1996
Ted Kaczynski, o 'Unabomber', escapou da prisão até 1996 - Getty Images

O matemático formado em Harvard acabou sendo pego em uma cabana em Montana. Ele foi um homem que fascinou o mundo por décadas e se tornou tema de vários documentários de TV. O criminoso até virou uma série da Netflix. Kaczynski passou as últimas três décadas detido em prisões nos EUA –mais recentemente, em um centro médico da Carolina do Norte.

Os guardas prisionais do Centro Médico Federal em Butner descobriram o corpo de Kaczynski na manhã deste sábado, disse um porta-voz da Bureau of Prisons, agência responsável pelas prisões no país, à BBC.

"A equipe que o encontrou imediatamente iniciou medidas para salvar a sua vida", acrescentou o porta-voz. "O Sr. Kaczynski foi transportado para um hospital local e, posteriormente, declarado morto."

Antes de sofrer de problemas de saúde que levaram à sua transferência para a instalação, em dezembro de 2021, ele estava detido desde maio de 2018 na prisão federal Supermax em Florence, no Colorado.

Os crimes

Os crimes de Unabomber eram violentos e deixaram várias de suas vítimas mutiladas. Mas seus crimes foram descobertos após ele forçar os jornais Washington Post e New York Times a publicar um manifesto chamado Industrial Society and Its Future (sociedade industrial e seu futuro), em setembro de 1995.

Os jornais publicaram o manifesto por recomendação do FBI e do procurador-geral, após o Unabomber afirmar que encerraria suas ações criminosas se um jornal de circulação nacional publicasse o texto.

O documento anônimo de 35 mil palavras criticou a vida moderna e afirmou que a tecnologia estava levando os americanos a sofrer uma sensação de alienação e impotência. Após ler o texto nos jornais, o irmão e a cunhada de Kaczynski reconheceram o tom e alertaram o FBI, que o procurava havia anos.

Em abril de 1996, autoridades finalmente encontraram o matemático formado em Harvard em uma cabana de madeira compensada e papel alcatroado de três a quatro metros, nos arredores de Lincoln, em Montana. O local estava cheio de jornais, um diário codificado, explosivos e duas bombas completas.

Embora o manifesto impressionasse a muitos por ter um tom abertamente político, Kaczynski nunca procurou incorporar o manto revolucionário que alguns atribuíam a ele.

Em seus próprios diários, ele escreveu que não afirmava ser "altruísta ou agir para o 'bem' (seja lá o que for) da raça humana". Em vez disso, insistia que agia "meramente por desejo de vingança".

Seus crimes parecem ter começado logo após ele ser demitido do negócio da família por seu irmão, por compartilhar recados abusivos para uma colega que o largou após dois encontros. De lá, mudou-se para a selva de Montana e para a cabana construída à mão, sem aquecimento, encanamento ou eletricidade.

Seus primeiros ataques foram direcionados à Northwestern University, em Illinois. Os dois bombardeios ocorreram com quase um ano de diferença, em maio de 1978 e maio de 1979, ferindo duas pessoas.

Então, em novembro de 1979, uma bomba acionada por altitude que ele enviou em 1979 explodiu a bordo de um voo da American Airlines. Doze pessoas sofreram com a inalação de fumaça. Os alvos de seus ataques pareciam sempre ser universidades e companhias aéreas. O FBI o apelidou de Unabomber.


Este texto foi publicado originalmente aqui.

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