Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia acusa Ucrânia de novos bombardeios na fronteira e realoca milhares de moradores

Mais de 4.000 pessoas foram para acomodações temporárias na região de Belgorodo, segundo governo local

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Moscou | Reuters e AFP

Um grupo de combatentes russos pró-Ucrânia envolvidos em recentes incursões na região fronteiriça de Belgorodo, na Rússia, disse neste domingo (4) que capturou dois soldados russos e se ofereceu para trocá-los por uma reunião com o governador regional.

Grupos como a Legião da Liberdade da Rússia e o Corpo de Voluntários Russos relataram batalhas na região nos últimos dias, enquanto Kiev se prepara para uma contraofensiva contra as forças do Kremlin na Ucrânia.

Pessoas retiradas da região de Belgorodo que faz fronteira com a Ucrânia em um abrigo - Olga Maltseva - 3.jun.23/AFP

Em um vídeo em um canal de Telegram da Legião da Liberdade da Rússia, um homem que se identificou como comandante do Corpo de Voluntários Russos disse que entregaria os dois prisioneiros ao governador de Belgorodo, Viatcheslav Gladkov, se ele viesse encontrar os combatentes na vila de Novaia Tavoljanka antes das 17h no horário local.

O vídeo mostrava os dois prisioneiros, um dos quais parecia ferido e estava deitado em uma mesa de operação. "Hoje, até às 17h, vocês têm a oportunidade de se comunicar sem armas e levar para casa dois cidadãos russos, soldados comuns que você e sua liderança política enviaram para o massacre", dizia um comunicado publicado junto com o vídeo.

Horas depois, o governador afirmou que iria se encontrar com os combatentes no horário determinado por eles e que garantiria a segurança dos cativos russos caso eles ainda não tivessem sido mortos.

A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, sustenta que os dois grupos são terroristas agindo como representantes de Kiev. A Ucrânia negou envolvimento direto nos ataques em Belgorodo, mas os classificou de consequência da invasão da Rússia.

Gladkov afirmou neste domingo que as forças ucranianas continuaram a bombardear a região de Belgorodo durante a madrugada depois que duas pessoas foram mortas na noite anterior e centenas de crianças, retiradas da fronteira. Ao todo, mais de 4.000 pessoas foram realocadas para acomodações temporárias na região, segundo oficiais.

Gladkov escreveu mais tarde que os incêndios começaram em Chebekino depois que as forças ucranianas bombardearam uma área de mercado no centro, mas que ninguém ficou ferido. A cidade russa fica a cerca de 7 km da fronteira com a Ucrânia.

A realidade da guerra está aos poucos sendo trazida para a Rússia, com bombardeios sendo intensificados nas regiões de fronteira, mas também com ataques aéreos no interior do país, inclusive um na semana passada em Moscou.

No final de maio, os militares da Rússia disseram ter repelido um dos mais graves ataques transfronteiriços de um grupo de sabotagem ucraniano que, segundo eles, havia entrado em território russo em Belgorodo.A Ucrânia negou ter atacado Moscou na semana passada e também que seus militares estejam envolvidos nas incursões.

No sábado, Gladkov escoltou cerca de 600 crianças dos distritos de Chebekino e Graivoron da região para as cidades de Iaroslavl e Kaluga, longe da fronteira ucraniana. "As crianças de Chebekino estão muito preocupadas com sua cidade natal", disse ele. "Comecei a sair, eles me pararam e com ansiedade começaram a fazer perguntas."

Também neste domingo, os militares ucranianos renovaram um apelo por silêncio em torno de uma contraofensiva há muito esperada contra as forças russas —autoridades ucranianas desencorajaram a especulação pública sobre a operação, dizendo que isto poderia ajudar o inimigo.

Há grande expectativa em torno do que se espera ser um amplo ataque das forças de Kiev para retomar o território ocupado pela Rússia no leste e no sul do país.

Nos últimos dias, as autoridades também reprimiram os cidadãos que compartilham imagens ou filmagens de sistemas de defesa aérea derrubando mísseis russos. "Os planos amam o silêncio. Não haverá anúncio do início", disse um oficial ucraniano em um vídeo publicado nos canais oficiais do Telegram, aparentemente referindo-se à contraofensiva.

Os aliados ocidentais de Kiev nos últimos meses forneceram armas, armaduras e munições para a contraofensiva, que especialistas militares disseram que poderia ser difícil, contra as forças russas entrincheiradas.

Em entrevista publicada no sábado, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que Kiev estava preparada para a operação, mas não deu prazos.

Em resposta, neste domingo o Kremlin afirmou que qualquer fornecimento de mísseis de longo alcance para Kiev pela França e pela Alemanha levaria a tensões crescentes no conflito na Ucrânia. No mês passado, o Reino Unido se tornou o primeiro país a fornecer à Ucrânia foguetes do tipo.

A Ucrânia pediu à Alemanha mísseis de cruzeiro Taurus, que têm um alcance de 500 km, enquanto o presidente Emmanuel Macron disse que a França dará à Ucrânia mísseis com um alcance que lhe permita realizar sua contraofensiva.

A Rússia critica repetidamente os países ocidentais por fornecerem armas à Ucrânia e alerta que os membros da Otan, a aliança militar do ocidente, se tornaram efetivamente partes diretas do conflito.

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