Descrição de chapéu drogas

Austrália autoriza ecstasy e fungos alucinógenos para tratamento de depressão

Apenas psiquiatras aprovados e com licença de especialista podem receitar compostos

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Sydney | AFP

A Austrália se tornou, neste sábado (1º), um dos primeiros países a autorizar o uso do ecstasy e de fungos alucinógenos para o tratamento de transtorno de estresse pós-traumático e de alguns tipos de depressão.

O uso médico da MDMA, base da droga recreativa ecstasy, e da psilocibina, extraída de cogumelos, já havia sido autorizada em fevereiro pela agência australiana de controle de drogas. A partir de agora, as substâncias podem ser prescritas por psiquiatras.

Comprimidos de ecstasy (MDMA)
Comprimidos de ecstasy (MDMA) - Eduardo Knapp - 10.ago.12/Folhapress

A prescrição de uma ou de ambas as substâncias é permitida no Canadá e nos Estados Unidos, mas apenas em ensaios clínicos ou em casos específicos. Em fevereiro, a Austrália reclassificou esses compostos após a Agência de Produtos Terapêuticos indicar que eles são "relativamente seguros" se utilizados em um "entorno médico controlado".

A autorização vale só em situações particulares. Apenas psiquiatras aprovados por comitês de ética e com uma licença de especialista autorizado poderão receitar os dois compostos.

Os defensores desses tratamentos esperam que as substâncias possam ajudar pacientes que não respondem a outros medicamentos. Mike Musker, pesquisador em saúde mental e prevenção do suicídio da Universidade do Sul da Austrália, disse à agência de notícias AFP que o MDMA (ecstasy) pode tratar o estresse pós-traumático, e que a psilocibina pode aliviar a depressão.

"[O MDMA] dá às pessoas a sensação de estar conectada e, assim, fazem com que seja mais fácil a conexão delas com os terapeutas. Também ajuda que [os pacientes] falem de suas más experiências", disse Musker, acrescentando que a psilocibina proporciona um "efeito psicoespiritual". "[A substância] pode fazer com que o paciente se sinta diferente em relação a si [...]. Com sorte, te dará vontade de viver".

Segundo Musker, não haverá uso generalizado dessas drogas, e o processo médico não será simples. Para o MDMA, o tratamento deve prever ao menos três sessões de oito horas cada, em um prazo de cinco a oito semanas. Isso exige que os terapeutas acompanhem de perto os pacientes, fazendo com que cada sessão possa custar cerca de 1.000 dólares australianos (R$ 3,2 mil).

O médico David Caldicott, consultor de medicina de emergência e pesquisador clínico sobre fármacos na Universidade Nacional da Austrália, disse à AFP que a reforma coloca o país "muito à frente" na exploração dos benefícios médicos dessas substâncias.

Já Susan Rossell, neuropsicóloga cognitiva da Universidade de Swinburne, na Austrália, acredita que as agências de saúde do país se precipitaram. "Se olharmos para as intervenções [...] para qualquer outro tipo de doença, seja algo cardiovascular ou um câncer, não se pode colocar um medicamento no mercado de forma tão rápida como foi feita", afirmou.

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