China acusa Reino Unido de 'proteger fugitivos' procurados por Hong Kong

Polícia do território chinês ofereceu recompensa de R$ 614 mil por oito acusados de violar lei de Segurança Nacional

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São Paulo

O chefe-executivo de Hong Kong, John Lee, pediu nesta terça (4) que oito ativistas hoje no exterior se entreguem, um dia após a polícia local oferecer uma recompensa pela captura, acusando-os de violar a lei de segurança nacional. A China diz que o Reino Unido "protege os fugitivos" procurados por Hong Kong.

"A única forma de acabar com o destino deles como fugitivos, que serão procurados pelo resto da vida, é se renderem", disse Lee a jornalistas, afirmando que, caso não o façam, "passarão seus dias com medo".

O chefe-executivo de Hong Kong, John Lee, durante entrevista coletiva na sede do governo do território chinês
O chefe-executivo de Hong Kong, John Lee, durante entrevista coletiva na sede do governo do território chinês - Peter Parks - 30.mai.23/AFP

A polícia do território chinês ofereceu nesta segunda recompensas de um milhão de dólares de Hong Kong (cerca de R$ 614 mil) por cada um dos oito ativistas pró-democracia no exterior, acusados de crimes como subversão e conluio com forças estrangeiras. Lee disse apoiar a oferta de recompensas e a ação policial.

Os oito ativistas fugiram depois que Pequim impôs, em 2020, uma ampla lei de segurança para reprimir a dissidência após a onda de protestos pró-democracia de 2019. As autoridades chinesas sustentam que foi essa lei que restaurou a estabilidade necessária para preservar o sucesso econômico do território.

Lee pediu aos cidadãos que ajudem a polícia, destacando que até mesmo "familiares e amigos" dos ativistas podem fornecer informações. Ele acrescentou que as autoridades continuarão monitorando as ações e o comportamento do grupo enquanto eles estivessem no exterior, sem dar detalhes de como fariam isso. "Queremos que saibam que não vamos sentar e ficar sem fazer nada", afirmou.

A medida foi criticada por Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, países onde alguns dos ativistas procurados residem. Um porta-voz do Departamento de Estado americano disse que o anúncio estabelece "um precedente perigoso que ameaça os direitos humanos e as liberdades fundamentais das pessoas em todo o mundo". Já o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, afirmou que seu governo "não tolerará nenhuma tentativa da China de intimidar e silenciar indivíduos no Reino Unido e no exterior".

"Não tenho medo da pressão política que nos impõem, porque fazemos o que acreditamos ser correto", afirmou Lee. A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que os oito procurados estão na "vanguarda da intervenção das forças externas anti-China nos assuntos de Hong Kong". As medidas, afirma, são necessárias para salvaguardar a segurança nacional.

Os procurados são os ex-legisladores pró-democracia Nathan Law Kwun-chung, Ted Hui Chi-fung e Dennis Kwok Wing-hang, o veterano sindicalista Mung Siu-tat e os ativistas Elmer Yuen gong-yi, Finn Lau Cho-dik, Anna Kwok Fung-yee e Kevin Yam Kin-fung. Anna Kwok, que agora mora em Washington, disse à agência de notícias Reuters que continuará falando sobre a repressão da China às liberdades e ao Estado de Direito em Hong Kong. "Acredito que os valores pelos quais estamos lutando estão certos. E é por isso que nunca vou parar e nunca vou recuar, mesmo que haja uma recompensa pela minha cabeça", disse ela.

Pequim entrou em atrito contra outro de seus vizinhos nesta terça. Durante a manhã, oito caças chineses avançaram sobre o estreito de Taiwan com quatro navios de guerra, em uma "patrulha conjunta de prontidão de combate", de acordo com o Ministério da Defesa da província rebelde da China.

Nos últimos três anos, a ilha relatou missões quase diárias de aeronaves chinesas nas proximidades —e, desde agosto passado, travessias da linha mediana do estreito, que costumava servir como fronteira aérea e marítima não oficial. Nesta terça, não houve sinal de alarme público em Taiwan devido à operação.

"Quaisquer provocações unilaterais e irracionais não estão ajudando na segurança regional", disse a repórteres o porta-voz da pasta de Defesa de Taiwan, Sun Li-fang. Ele está em viagem para acompanhar exercícios antiaéreos em que soldados dispararam mísseis fabricados nos EUA para abater drones.

Em abril, a China simulou um "cerco total" à ilha depois que a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, encontrou-se com o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy, em Los Angeles.

Com AFP e Reuters

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