Manifestante desiste de queimar Bíblia e Torá em protesto na Suécia

Polícia havia permitido ato, mas homem disse que só queria chamar atenção para queima anterior do Alcorão

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São Paulo

Um ativista muçulmano que recebeu permissão para realizar um protesto no qual queimaria uma Torá e uma Bíblia do lado de fora da embaixada de Israel em Estocolmo desistiu de seu plano neste sábado (15), dia marcado para o protesto, dizendo que só queria chamar a atenção para a recente queima do Alcorão no país.

O homem, identificado como Ahmad Alush, 32, recebeu permissão da polícia sueca para realizar o ato, atraindo ampla condenação e protesto de Israel e grupos judeus.

Homem que queimaria livros sagrados mas desistiu do protesto, em Estocolmo - TT News Agency - 15.ju.23/Magnus Lejhall/via Reuters

Mas Alush, ao chegar do lado de fora da missão diplomática israelense neste sábado, segurando apenas uma cópia do Alcorão, disse que nunca foi sua intenção queimar livros sagrados judeus ou cristãos. As informações são do jornal Times of Israel.

"É contra o Alcorão queimar, e eu não vou queimar. Ninguém deveria fazer isso", disse Alush aos repórteres reunidos no local.

Em seu pedido para o protesto de sábado, o homem disse que queria queimar a Torá e a Bíblia em resposta à queima do Alcorão do lado de fora de uma mesquita de Estocolmo no mês passado por um imigrante iraquiano. Ele chamou o ato de uma espécie de "reunião simbólica em prol da liberdade de expressão".

Entre os líderes que se pronunciaram contra a autorização estão o presidente de Israel, Isaac Herzog, e o chefe da Organização Sionista Mundial, Yaakov Hagoel. O último afirmou que a manifestação não é um exemplo de liberdade de expressão, "mas sim de antissemitismo".

Questionadas pela agência AFP, forças de segurança afirmaram que a permissão foi concedida para o evento em si, não para as atividades que ele envolve. "A polícia não emite licenças para queimar textos religiosos. Ela emite licenças para aglomerações públicas. É uma distinção importante", disse a assessora Carina Skagerlind.

A polícia havia proibido protestos semelhantes em fevereiro. Mas ativistas recorreram, e a Justiça decidiu que impedir os atos violava o direito à liberdade de expressão. Assim, agentes de segurança passaram a dar o aval para que as manifestações ocorressem.

A organização permitiu, portanto, a manifestação que terminou com a queima do livro sagrado do islamismo em frente à Grande Mesquita de Estocolmo, que tanto repercutiu no final do mês passado, com a justificativa de que ele não representava grandes riscos de segurança.

O responsável pelo ato, o refugiado iraquiano Salwan Momika, 37 —que arrancou as folhas de uma cópia do Alcorão, limpou a sola de seus sapatos com elas e então as incendiou — foi, porém, detido, acusado de promover agitação contra um grupo étnico e violar leis de proibição de incêndio vigentes na capital.

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