Suécia autoriza atos com queima de Bíblia e Torá após destruição de Alcorão

Polícia afirma que licenças são emitidas para protestos como um todo, não para atividades específicas que eles envolvem

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Estocolmo | AFP

Depois da revolta gerada pela queima de um Alcorão em Estocolmo no final do mês passado, agora outros dois livros sagrados, a Bíblia e a Torá, serão incendiados em uma manifestação na cidade. A autorização para o evento que envolve os atos, marcado para as 13h do sábado (15), foi dada pela polícia sueca nesta sexta-feira (14).

Manifestante queima exemplar do Alcorão em frente à Grande Mesquita de Estocolmo - Stefan Jerrevang - 28.jun.23/TT News Agency/via Reuters

Questionadas pela agência AFP, forças de segurança afirmaram que a permissão foi concedida para o evento em si, não para as atividades que ele envolve. "A polícia não emite licenças para queimar textos religiosos. Ela emite licenças para aglomerações públicas. É uma distinção importante", disse a assessora Carina Skagerlind,.

A polícia havia proibido protestos semelhantes em fevereiro. Mas ativistas recorreram, e a Justiça decidiu que impedir os atos violava o direito à liberdade de expressão. Assim, agentes de segurança passaram a dar o aval para que as manifestações ocorressem.

A organização permitiu, portanto, a manifestação que terminou com a queima do livro sagrado do islamismo em frente à Grande Mesquita de Estocolmo, que tanto repercutiu no final do mês passado, com a justificativa de que ele não representava grandes riscos de segurança.

O responsável pelo ato, o refugiado iraquiano Salwan Momika, 37 —que arrancou as folhas de uma cópia do Alcorão, limpou a sola de seus sapatos com elas e então as incendiou — foi, porém, detido, acusado de promover agitação contra um grupo étnico e violar leis de proibição de incêndio vigentes na capital.

O protesto coincidiu com o primeiro dos três dias de celebração do Eid al-Adha, feriado importante no calendário islâmico conhecido como a "festa do sacrifício". Então, governos de diversos países que professam a fé, como Iraque, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Marrocos, criticaram o incidente, assim como o papa Francisco, que afirmou que "qualquer livro considerado sagrado deve ser respeitado".

O episódio ainda colaborou para aumentar as tensões entre o país escandinavo e a Turquia, majoritariamente muçulmana, em um momento em que Ancara buscava dificultar a entrada de Estocolmo na Otan. No início da semana, a Turquia enfim cedeu e abriu caminho para a adesão sueca à aliança militar ocidental.

O anúncio da queima da Bíblia e da Torá desta sexta-feira também gerou manifestações. Entre os líderes que se pronunciaram contra a autorização estão o presidente de Israel, Isaac Herzog, e o chefe da Organização Sionista Mundial, Yaakov Hagoel. O último afirmou que a manifestação não é um exemplo de liberdade de expressão, "mas sim de antissemitismo".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.