Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Míssil atinge catedral na Ucrânia do século 19 que é patrimônio mundial da ONU

Explosão em Odessa deixa 2 mortos; Rússia assume ataques na região, mas nega responsabilidade por destruição da igreja

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São Paulo

Autoridades da Ucrânia afirmaram que um novo ataque da Rússia a Odessa, no sul, neste domingo (23), danificou uma catedral ortodoxa histórica, destruiu seis casas e prédios residenciais, e deixou dois mortos e outros 22 feridos.

Escombros cobrem a Catedral da Transfiguração, em Odessa, na Ucrânia, após igreja ser atingida por míssil - Oleksandr Gimanov - 23.jul.23/AFP

A ofensiva sobre a maior cidade portuária do país acontece em um momento particularmente movimentado da guerra, iniciado após o Kremlin anunciar, no começo da semana, que deixaria um acordo que permitia a exportação de grãos do rival pelo mar Negro. Desde então, os russos atacaram tanto a localidade quanto outros silos ucranianos quase diariamente.

"Mísseis contra cidades pacíficas, contra moradias, contra uma catedral", afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, ao comentar o lançamento de 19 projéteis por Moscou na madrugada —Kiev afirma ter derrubado nove deles. "Haverá represálias contra os terroristas russos pelo que aconteceu em Odessa."

Já o governador da região de Odessa, Oleh Kiper, descreveu o incidente como "outro ataque noturno dos monstros". Entre os feridos, há quatro crianças e adolescentes com idades que vão dos de 11 a 17 anos.

O Ministério da Defesa russo negou que a destruição da catedral tenha sido fruto de uma ofensiva sua. Ele afirmou que suas forças atacaram "instalações onde se planejavam atos terroristas [...] por meio de embarcações não tripuladas" onde estavam mercenários estrangeiros, acrescentando que todos esses alvos haviam sido destruídos. Desse modo, segundo a pasta, a provável causa dos danos ao edifício é provavelmente um míssil antiaéreo ucraniano.

A igreja atingida data do século 19 é a maior da cidade. Chamada de Catedral da Transfiguração, ela está severamente danificada, de acordo com a administração militar local.

O arquidiácono Andrii Paltchuk contou à agência de notícias Reuters que o ataque iniciou um incêndio na parte da igreja onde artefatos religiosos são comercializados. "Quando a capela do altar direito —a parte mais sagrada da catedral— foi atingida, um pedaço do míssil voou por todo o espaço e atingiu a área onde exibimos imagens, velas e livros para compra", disse ele.

O Ministério da Defesa ucraniano relatou que a catedral já havia sido destruída uma vez antes, em 1936, durante as campanhas antirreligiosas do ditador soviético Joseph Stálin. Foi reconstruída quando o país conquistou sua independência, em 1991.

Vários moradores das redondezas foram ajudar na limpeza da igreja, que ficou com o piso coberto de escombros e teve pedaços de suas paredes ornamentadas arrancadas pela força do impacto. O local fica no centro histórico da cidade e, assim como o porto, foi incluído na lista de patrimônios mundiais da humanidade da Unesco no início deste ano.

Em janeiro, o prefeito de Odessa, Guennadi Trukhanov, disse que já no primeiro mês da invasão russa, fevereiro do ano passado, recorreu à ONU para tentar acelerar a inclusão dos pontos históricos da cidade à lista, algo pelo que ele e sua equipe batalhavam desde 2009. "O procedimento se arrastou e, com o início da guerra, havia uma ameaça real de destruição de nossos monumentos arquitetônicos", disse ele ao site da organização multilateral.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, emitiu um comunicado condenando o ataque e oferecendo assistência na reconstrução da catedral. "Os agressores russos destroem depósitos de grãos, privando milhões de famintos de comida. Eles devastam nossa civilização europeia, nossos símbolos sagrados", disse ela.

Com Reuters e AFP

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