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'Não temos mais espaço': o apelo de NY para imigrantes buscarem outra cidade

Prefeito Eric Adams, um democrata, afirma não receber ajuda dos governo federal e estadual para lidar com fluxo crescente

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Madeline Halpert
BBC NEWS

Autoridades de Nova York planejam distribuir panfletos alertando os imigrantes de que "não há garantia" de que receberão ajuda se chegarem à cidade. O prefeito Eric Adams anunciou o plano dizendo que a metrópole recebeu 90 mil imigrantes desde abril de 2022.

"Não temos mais espaço", disse o líder da maior cidade do país, com 8,3 milhões de habitantes. "Por favor, considere outra cidade ao tomar sua decisão sobre onde se estabelecer nos EUA", diz o panfleto.

Centenas de requerentes de asilo em fila do lado de fora de prédio que concentra agências governamentais em Nova York
Centenas de requerentes de asilo em fila do lado de fora de prédio que concentra agências governamentais em Nova York - David Dee Delgado - 6.jun.23/Getty Images via AFP

Em inglês e espanhol, o documento adverte que os custos de alimentação e transporte em Nova York são altos e que a cidade não pode garantir moradia e outros serviços sociais para os imigrantes.

Como parte do plano, o prefeito, membro do Partido Democrata, afirmou ainda que adultos solteiros poderão ficar em abrigos da cidade por 60 dias. Eles então terão de se inscrever novamente para uma vaga. Adams disse que a cidade tentará ajudar os imigrantes a encontrar moradia com familiares e amigos. Nova York deve abrir em breve um abrigo para 2.000 imigrantes, o maior já instalado na região.

O prefeito responsabilizou os governos federal e estadual por não fornecerem recursos suficientes para que a cidade ofereça serviços sociais aos recém-chegados. "Não podemos continuar absorvendo dezenas de milhares de recém-chegados sozinhos", disse ele. Hoje, 105,8 mil pessoas vivem em abrigos em Nova York, incluindo mais de 54 mil requerentes de asilo, um recorde.

Os detratores do plano

Críticos do novo plano argumentam que ele viola as regras de direito à moradia da cidade, que garantem residência temporária para quem precisa. Eles acusam Adams de tentar enfraquecer essas regras para lidar com o fluxo de imigrantes. No Twitter, a American Civil Liberties Union chamou o novo plano de "cruel" e "ilegal". "Isso vai contra os valores de compaixão e cuidado dos nova-iorquinos ", disse.

Nos últimos meses, Adams tomou uma série de medidas para limitar a chegada de imigrantes. Em maio, anunciou que enviaria imigrantes para condados próximos fora da cidade, provocando uma reação furiosa de algumas autoridades de Nova York.

Pare os imigrantes

Governadores republicanos dos Estados do sul dos EUA enviaram imigrantes de ônibus para jurisdições administradas por democratas, especialmente para as chamadas "cidades santuário", que limitam a cooperação com as autoridades federais de imigração e protegem os direitos dos indocumentados.

Os líderes republicanos dizem que essa estratégia visa a aumentar a pressão sobre o governo de Joe Biden para que faça mais para impedir a passagem de migrantes pela fronteira sul do país.

Os republicanos culpam o governo federal por permitir que os EUA, no ano passado, alcançassem o maior aumento nos fluxos de migração irregular por meio da fronteira com o México nas últimas duas décadas.

Entre o final de 2022 e o início deste ano, Biden ordenou o bloqueio da entrada irregular pela fronteira sul de venezuelanos, cubanos, haitianos e nicaraguenses e estabeleceu cotas anuais de vistos para imigrantes que processam legalmente sua entrada nos EUA.

Para fazer isso, o imigrante precisa de um patrocinador que esteja nos EUA e de uma verificação de antecedentes. A pessoa também deve passar por uma investigação de segurança, provar que foi vacinada contra a Covid e cumprir outros requisitos de saúde para morar e trabalhar no país por dois anos.


Este texto foi publicado originalmente aqui.

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