Premiê de Israel expulsa membro de seu partido por zombar do Holocausto

Em ato contra reforma judicial, ativista do Likud ridicularizou judeus vítimas do genocídio nazista

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Jerusalém | Reuters

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ordenou a expulsão neste domingo (16) de um ativista de seu partido, o Likud, que zombou do Holocausto enquanto questionava um grupo de pessoas que se manifestavam contra o governo.

Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrou Itzik Zarka xingando e cuspindo em manifestantes em um cruzamento perto da cidade de Beit Shean no sábado (15), durante uma onda de protestos contra a controversa reforma judicial em Israel.

Protestos em Tel Aviv contra a reforma judiciária em Israel - Corinna Kern - 15.jul.23/Reuters

"Não é à toa que 6 milhões foram mortos", grita ele. "Estou orgulhoso de que 6 milhões de vocês foram queimados!"

"Não vamos tolerar tal comportamento vergonhoso no movimento do Likud", disse Netanyahu em um comunicado sobre a saída de Zarka, durante anos uma figura proeminente em eventos de campanha.

Ao enquadrar as 6 milhões de vítimas do genocídio nazista, em sua maioria europeus, como adversários, Zarka parecia estar fazendo uma distinção entre eles e os judeus "mizrahi", de ascendência do Oriente Médio, que são um núcleo tradicional de apoio ao conservador Likud.

Negar o Holocausto, questionar sua dimensão ou celebrá-lo é punível com cinco anos de prisão sob a lei israelense, e as falas de Zarka foram condenadas em todo o espectro político.

Zarka, que é judeu, disse em um comunicado divulgado nas redes sociais que seus comentários foram "tirados de contexto" e se descreveu como neto de um sobrevivente do Holocausto.

Dezenas de milhares de israelenses protestaram no sábado em Tel Aviv e outras cidades contra o projeto de reforma judicial, considerado por seus críticos como uma legislação que poderia empurrar o país em direção a um modelo autoritário.

As manifestações têm reunido milhares desde janeiro, quando o governo apresentou o projeto. A reforma, que busca aumentar o poder do Parlamento sobre o da Suprema Corte, é necessária para garantir um melhor equilíbrio de poderes, de acordo com Netanyahu.

As novas manifestações ocorrem apenas alguns dias após a votação no Parlamento de uma medida-chave do texto. A cláusula visa a anular a possibilidade de o Poder Judiciário se pronunciar sobre a "razoabilidade" das decisões do governo.

A coalizão de Netanyahu, composta em dezembro com o apoio de partidos de extrema direita e siglas ultraortodoxas judaicas, é uma das mais conservadoras da história de Israel.

"É uma batalha pelo país, queremos que Israel continue sendo democrático, e as leis ditatoriais não passarão", disse Nili Elezra, uma manifestante de 54 anos, à agência de notícias AFP.

Enquanto os protestos ocorriam, Netanyahu deu entrada no hospital próximo à sua casa na cidade costeira de Caesarea após sentir tonturas. Depois de passar por uma série de exames, os médicos constataram que o premiê estava apenas desidratado e que sua saúde está em boas condições. Em um vídeo, Netanyahu afirmou que havia tido um feriado no Mar da Galileia sem se proteger devidamente de uma onda de calor.

Ele foi dispensado do hospital neste domingo.

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