Descrição de chapéu China mudança climática

Onda de calor na China provoca febre de vendas de itens de proteção do sol

Meteorologistas emitem série de alertas no norte do país, onde temperaturas devem ultrapassar 40° C

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Pequim | Reuters

Enquanto as temperaturas atingem marcas recordes em várias cidades da China, a venda de acessórios como chapéus com proteção ultravioleta (UV) e coberturas faciais, as "facekinis", usadas principalmente por mulheres que buscam proteção da cabeça aos pés, viraram sucesso de vendas no país asiático.

A procura deve aumentar. Meteorologistas chineses emitiram nesta quinta-feira (6) uma série de alertas de calor no norte do país, já que as temperaturas devem ultrapassar 40° C em algumas áreas. O clima tórrido levou os governos locais a pedir a residentes e empresas que reduzam o uso de eletricidade.

A crise climática fez ainda com que marcas chinesas, como Bananain, Beneunder e OhSunny, se adaptassem ao cenário e se concentrassem em produtos de proteção solar. Empresas estrangeiras também passaram a oferecer ao mercado chinês itens do tipo, como chapéus e jaquetas tingidos com UV.

Mulher usa máscara facial de proteção solar em meio a onda de calor em Pequim, na China
Mulher usa máscara facial de proteção solar em meio a onda de calor em Pequim, na China - Tingshu Wang - 1º.jul.23/Reuters

Dados da China Insights Consultancy, com sede em Xangai, mostram que, de 2021 a 2026, o mercado de vestuário de proteção solar do país crescerá a uma taxa de 9,4% por ano, com o tamanho do mercado atingindo US$ 13,24 bilhões (R$ 64,9 bilhões) em 2026, uma tendência que pode se ampliar para nações vizinhas, como a Coreia do Sul, onde produtos de proteção solar também são populares.

"Queremos ficar bronzeadas e queimadas de sol, mas estamos preparadas", disse uma empresária de 34 anos, identificada como Hong, de chapéu e mangas compridas no centro de turismo de Pequim.

Dados da plataforma de compras Tmall, do grupo Alibaba, mostram que as vendas de roupas de proteção solar de "nova geração" cresceram 180% em relação a 2022. Máscaras com protetor solar se tornaram particularmente populares na China, de acordo com a Tmall. Como o produto tem a metade inferior branca, com rosa nas partes laterais, próximas às bochechas, o usuário, a distância, parece estar maquiado.

"Na pandemia, não me maquiava porque no fim das contas usaria máscara", disse Li Hongmei, 26, que vive em Pequim. "Agora tenho preguiça de voltar a me maquiar, então uso a máscara de proteção solar e saio."

A capital chinesa emitiu um alerta vermelho de calor nesta quinta-feira —o mais alto num sistema de três níveis. Espera-se que a temperatura máxima na maioria das áreas da cidade supere os 40° C, segundo o jornal estatal Beijing Daily. O observatório meteorológico na província de Hebei, no norte, também emitiu um alerta vermelho, e as temperaturas em algumas áreas devem alcançar 43° C.

O Departamento Municipal de Cultura e Turismo pediu a empresas que reduzam as excursões ao ar livre. No domingo (2), um guia do Palácio de Verão desmaiou e morreu de insolação, segundo a mídia estatal.

O observatório meteorológico de Pequim registrou 18 dias de altas temperaturas (acima de 35° C) entre o início de junho e o começo de julho. Ainda segundo o Beijing Daily, trata-se do período de maior calor desde que a estação foi construída, em 1951. Enquanto isso, chuvas fortes continuam a atingir Chongqing, no sudoeste, onde 15 pessoas já morreram em decorrência do fenômeno. Os temporais causaram inundações e desastres em 310 municípios em 19 distritos do país, segundo a estatal CCTV.

Em relação a dados globais, o calor extremo chegou a um novo recorde nesta terça (4), atingindo 17,18° C. Foi a segunda marca batida em dois dias: na segunda-feira, a média de temperatura alcançou 17,01° C, superando o maior índice registrado até então, de 16,92° C, em 2016 e outra vez em 2022.

Assim, o planeta teve o mês de junho mais quente registrado na história. De acordo com o observatório europeu Copernicus, tanto o ar quanto os oceanos tiveram calor recorde. A culpa pelas altas temperaturas ao longo das últimas semanas está na soma de dois fatores: a crise climática provocada pela ação humana e o início do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento das águas do Pacífico.

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