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França proíbe venda de fogos de artifício para feriado por medo de uso em protestos

Artigo foi utilizado por manifestantes em confrontos nos distúrbios que ocorreram após policial matar adolescente

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São Paulo

Após uma nova onda de protestos mergulhar a França no caos por dias, o governo proibiu a venda e o uso de fogos de artifícios e artigos pirotécnicos durante o fim de semana do dia 14 de julho, quando se comemora o feriado da Queda da Bastilha.

"Para prevenir o risco de perturbações graves da ordem pública, durante as festividades de 14 de julho, até o dia 15 de julho, está proibida a venda, o porte, o transporte e a utilização de artigos pirotécnicos e fogos de artifício em todo o território nacional", publicou o governo no Diário Oficial deste domingo (9).

A proibição não será aplicada a profissionais autorizados nem a cidades que estejam organizando as celebrações que marcam o início da Revolução Francesa, em 1789.

Manifestantes soltam fogos de artifício na polícia francesa durante protestos em Lyon
Manifestantes soltam fogos de artifício na polícia francesa durante protestos em Lyon - Jeff Pachoud - 9.jul.23/AFP

A medida havia sido antecipada pela primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, em entrevista ao jornal francês Le Parisien divulgada na noite de sábado (8). Ela garantiu "meios maciços para proteger os franceses durante esses dois dias sensíveis".

Vendidos livremente, esses produtos foram usados por manifestantes em enfrentamentos com a polícia nos protestos contra a morte de um adolescente durante uma blitz, em 27 de junho. Naquele dia, Nahel, 17, foi parado em Nanterre, região metropolitana de Paris, por dois agentes. Um deles, que empunhava uma arma, atirou quando o adolescente de origem argelina acelerou o carro. Ele morreu horas depois.

Protestos irromperam em diversas partes do país por uma semana, com a presença massiva de menores de idade. Essa característica fez as autoridades cogitarem, por exemplo, multar pais de manifestantes. A medida deve sair do papel, segundo a primeira-ministra, embora tenha encontrado resistência até mesmo no governo. "Quando um adulto comete um ato desta natureza, podemos recorrer a uma multa. (…) Isso não é possível para menores. Vamos, portanto, construir um dispositivo que o permita", afirmou ela.

O atual ministro da Educação, Pap Ndiaye, ponderou a iniciativa quando a ideia surgiu, há pouco mais de uma semana. Para ele, responsabilizar os pais não significa castigá-los, mas ajudá-los a cuidar dos seus filhos. "Devemos ter em conta as dificuldades específicas de certas famílias. Quando uma mãe trabalha à noite, é ainda mais complicado para os filhos", afirmou na ocasião.

Em meio às manifestações, o presidente Emmanuel Macron culpou as redes sociais pela difusão da violência. Ele disse ter pedido a apps como Snapchat e TikTok para retirarem do ar os conteúdos que versem sobre violência urbana, por exemplo. "Às vezes temos a impressão de que alguns dos manifestantes estão vivendo nas ruas as cenas que videogames lhes ensinaram", afirmou.

O presidente chegou a sugerir o corte de redes sociais quando as coisas "saíssem do controle", mas depois recuou. Na quarta, o governo afirmou que cogitava a suspensão de algumas funções das plataformas, como geolocalização, e descartou a aplicação de um "apagão geral" em caso de distúrbios.

Ao Le Parisien Borne afirmou que "obviamente não vai privar os franceses de internet porque há violência".

Com AFP

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