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Ucrânia fecha acordo com Croácia para contornar fim de pacto de grãos

Como países não fazem fronteira, será preciso estabelecer rota para escoar alimentos da nação em guerra até os portos croatas

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São Paulo

A Ucrânia fechou nesta segunda (31) um acordo que permite ao país utilizar portos da Croácia no rio Danúbio e no mar Adriático para exportar grãos. O anúncio, feito pelo ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, instila a perspectiva de que a nação retome parte da escala de suas vendas para o exterior depois da saída da Rússia do pacto de grãos no mar Negro.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, antes de reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre seu país na sede da entidade em Nova York - Brendan McDermid - 17.jul.23/Reuters

O problema é que Ucrânia e Croácia não são vizinhas. Portanto, será preciso estabelecer alguma rota para que os alimentos deixem o país e cheguem até o território croata, por exemplo por meio da Hungria.

Kuleba não mencionou a questão, afirmando em vez disso que "todo o apoio para desbloquear a exportação, qualquer porta que se abra, ajuda a garantir a segurança alimentar mundial". Segundo a Comissão Europeia, Kiev é responsável por 10% de todas as exportações mundiais de trigo, 15% das de milho, e 13% da de cevada, além de mais de 50% de todo o óleo de girassol.

Firmada em julho do ano passado em parceria com a ONU e a Turquia, a Iniciativa de Grãos do Mar Negro assegurava o trânsito das exportações ucranianas ao impedir que seus navios se tornassem alvos russos.

A medida permitiu que cerca de 33 milhões de toneladas de grãos deixassem o país liderado por Volodimir Zelenski, devolvendo os preços internacionais do trigo aos patamares pré-guerra. A inflação global de alimentos do primeiro semestre de 2022 foi largamente creditada ao bloqueio naval na região.

Moscou deixou, porém, o trato no último dia 17, sob a justificativa de que a contrapartida ao arranjo não estava sendo respeitada —exigia que seus próprios grãos, assim como seus fertilizantes, tivessem sua exportação facilitada a despeito dos embargos internacionais. Em seguida, passou a promover ataques seguidos à Odessa, até então a principal cidade portuária ucraniana, com saída para o mar Negro.

Desde a dissolução do acordo de grãos, Kiev tem exportado seus grãos por duas vias: terrestre, passando por países da União Europeia, e fluvial, chegando até a Romênia por meio do rio Danúbio.

A última rota foi alvo de ataques de drones no último dia 24, que teriam danificado tanto o porto de Reni, fechado temporariamente, quanto a ponte de Zatoka, que permite que caminhões de grãos cheguem ao porto de Izmail. Foi o ataque mais próximo do território de um membro da Otan durante toda a guerra: essas cidades só têm o rio a lhes separar da Romênia, integrante da aliança militar ocidental.

O chanceler ucraniano afirmou que os ataques russos destruíram cerca de 180 mil toneladas de grãos neste mês. O FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta que o fim do pacto leve a uma alta de 10% a 15% no preço global dos alimentos.

Com Reuters

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