Venezuela veta observadores da UE em 2024, em mais um ataque a eleições livres

Bloco acompanhou pleito de 2021, quando houve vitórias tímidas de críticos do regime de Maduro

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São Paulo

O líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, um dos principais nomes do chavismo, afirmou nesta quinta-feira (13) que nenhuma missão de observação da União Europeia (UE) terá permissão para acompanhar as eleições de 2024.

A informação foi compartilhada em uma resposta de Rodríguez ao chefe da diplomacia da UE, o espanhol Josep Borrell, durante um longo discurso em uma sessão legislativa.

O chavista alega que o bloco "suplicou" para estar presente no pleito. "Eles [a UE] não voltam porque são grosseiros, colonialistas, representantes dessa Europa imperial ultrapassada, assassina e escravista."

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, deixa Palácio do Itamaraty, em Brasília - Ueslei Marcelino - 29.mai.23/Reuters

O anúncio é a pá de cal nas esperanças de eleições livres no país, após o boicote do órgão eleitoral e a inelegibilidade de opositores.

Após 15 anos ausente, em 2021 a UE enviou uma missão à Venezuela para acompanhar as eleições regionais, destacando melhorias na legislação, mas também deficiências a serem superadas.

A missão fez 23 recomendações, incluindo mais autonomia da autoridade eleitoral e o fim das inabilitações políticas de dissidentes.

À época sob intensa pressão internacional, o ditador Nicolás Maduro aceitou também um novo desenho no CNE (Conselho Nacional Eleitoral), mais democrático. O conselho substituiu um órgão provisório acusado de fraude nas eleições de 2020, quando o Legislativo foi renovado, e de 2018, quando o ditador foi reeleito em votação contestada dentro e fora do país.

Com nova formação, o CNE foi responsável por organizar as eleições de 2021, na qual a oposição teve vitórias tímidas.

A imparcialidade do órgão, porém, foi afetada em junho passado, após a ala chavista de diretores renunciar, o que paralisou as atividades e dificultou a organização das primárias da oposição. A Assembleia, controlada por apoiadores de Maduro, ainda não nomeou novas autoridades para o conselho.

Semanas depois da implosão do órgão eleitoral, os principais nomes críticos ao regime foram inabilitados para exercer cargos públicos —medida que atingiu a principal representante da oposição hoje, a ex-deputada María Corina Machado. Outros candidatos, como Henrique Capriles e Freddy Superlano, também foram inabilitados, o que ameaça a tentativa da oposição de definir um candidato único por meio de primárias previstas para 22 de outubro.

O bloco europeu, que expressou preocupação com o boicote à oposição, tem insistido em uma solução "pacífica e democrática" por meio de "eleições presidenciais críveis, transparentes e inclusivas em 2024", o que parece ter irritado apoiadores do regime.

"As leis na Venezuela são feitas pelos venezuelanos; as eleições na Venezuela são realizadas pelos venezuelanos. O futuro da Venezuela é decidido pelos venezuelanos", afirmou Rodríguez nesta quinta-feira. A data das próximas eleições presidenciais ainda não foi definida.

Com AFP

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