Autoridades do Havaí estimam ao menos 1.100 desaparecidos após incêndio

Agentes reforçam pedidos para que familiares enviem amostras de DNA; 115 mortes foram confirmadas

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São Paulo

Duas semanas após os incêndios florestais que devastaram a ilha de Maui, as autoridades do Havaí anunciaram nesta terça-feira (22) que ao menos 1.100 pessoas continuam desaparecidas, de acordo com contagem provisória compilada pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos.

Pelo menos 115 pessoas morreram devido às chamas no incidente do tipo mais letal em cem anos no país. As autoridades admitem que o número ainda deve aumentar. Steven Merrill, agente especial do FBI, disse que centenas de pessoas continuam desaparecidas e que a lista das pessoas procuradas deve sofrer mudanças porque os investigadores "continuam com o processo de compilar dados adicionais".

O presidente Joe Biden (de azul) e a primeira-dama Jill Biden (à dir.) caminham acompanhados de autoridades locais ao lado de carros queimados no Havaí
O presidente Joe Biden (de azul) e a primeira-dama Jill Biden (à dir.) caminham acompanhados de autoridades locais ao lado de carros queimados no Havaí - Mandel Nhan - 21.ago.23/AFP

Na segunda-feira, o prefeito de Maui, Richard Bisse, havia dito que os incêndios tinham deixado 850 pessoas desaparecidas. Autoridades alertam, porém, que a tragédia pode ter sido muito mais grave.

Desde que as chamas destruíram quase por completo a cidade turística de Lahaina, de 12 mil habitantes, circulam nas redes sociais, entre forças de segurança e equipes de emergência, listas com milhares de nomes de pessoas supostamente desaparecidas. Agora, o FBI trabalha para verificar os dados. "Estamos cruzando as listas para que possamos determinar quem, de fato, continua desaparecido", disse Merrill.

O FBI divulgou um número telefônico exclusivo para pessoas que procuram desaparecidos e pediu aos familiares que entrem em contato para fornecer informações adicionais, como sobrenomes ou a data de nascimento, o que pode ajudar a polícia a localizar ou confirmar o desaparecimento de uma pessoa.

As autoridades estão fazendo o possível para refinar os dados e pretendem publicar uma lista definitiva de desaparecidos nos próximos dias, acrescentou o chefe de polícia de Maui, John Pelletier.

A identificação dos corpos encontrados entre as cinzas é complexa. Das 115 vítimas, apenas 27 tinham sido identificadas até esta quarta (23). Nos últimos dias, as autoridades vêm reforçando os pedidos para que os moradores da ilha e familiares enviem amostras de DNA, fundamentais para o trabalho dos peritos.

Como parte do esforço, o FBI mobilizou agentes para coletar o material de parentes que não podem viajar ao Havaí, mas investigadores já admitem a chance de que nem todas as vítimas sejam identificadas.

"O número de familiares que vêm fornecer amostras de DNA é muito menor do que o visto em outros desastres", disse Andrew Martin, que coordena o centro de assistência familiar no Havaí, sem conseguir explicar por que as pessoas parecem menos dispostas a fornecer amostras do material —até agora, só 104 foram coletadas. Ele reforçou que as informações não são armazenadas em bancos de dados.

O incêndio começou no último dia 8 e tomou a região rapidamente devido a fortes ventos. Na semana passada, o diretor da Agência de Gestão de Emergências da ilha de Maui, Herman Andaya, renunciou ao cargo após receber críticas pela resposta à tragédia —oficialmente, ele alegou motivos de saúde.

O desastre ocorreu no Havaí depois de a América do Norte sofrer os impactos de vários fenômenos climáticos extremos nos últimos meses, de incêndios recorde no Canadá a uma extensa onda de calor que castigou o sudeste dos Estados Unidos e o México. A Europa e algumas regiões da Ásia também sofreram com ondas de calor, inundações e incêndios alimentados pela crise climática, segundo especialistas.

Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.

Com AFP e Reuters

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