Descrição de chapéu The New York Times

Biden tenta curtir pilates nas férias e é perseguido por Trump e Prigojin

Atual presidente não foge à realidade de líderes dos EUA que precisaram lidar com crises em períodos de descanso

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Erica L. Green
The New York Times

As férias de uma semana do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, têm sido pontuadas por momentos de crise em casa e no exterior.

Nesta quinta-feira (24), na mansão espaçosa do bilionário Tom Steyer, onde está hospedado no lago Tahoe, no oeste dos Estados Unidos, Biden conversou com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em comemoração ao Dia da Independência do país do Leste Europeu e discutiu o início do treinamento de militares de Kiev para pilotarem caças F-16.

Na quarta-feira (23), antes de uma aula de pilates em família, Biden já havia assinado uma declaração de desastre para ajudar o Alasca a se recuperar de enchentes históricas; havia sido informado de que havia um atirador a solta em Pittsburgh; e havia recebido relatos de que o líder mercenário russo Ievguêni Prigojin havia morrido em um acidente de avião.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fala com jornalistas após sessão de pilates com a família no lago Tahoe, na California
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fala com jornalistas após sessão de pilates com a família no lago Tahoe, na California - Kevin Lamarque - 23.ago.23/Reuters

E na segunda-feira (21), o presidente voou para o Havaí com o objetivo de visitar a cidade de Lahaina, devastada por incêndios florestais que deixaram ao menos 115 mortos, onde ele se encontrou com centenas de moradores enlutados, em uma viagem de um dia, que incluiu 10 horas no ar e dois voos de helicóptero.

A única ocasião em que Biden foi visto realizando uma atividade recreativa até agora foi na quarta, quando ele foi visto saindo do estúdio de pilates bebendo um smoothie de banana e mirtilo. O presidente foi questionado pelos repórteres presentes se acreditava que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, estava por trás do acidente do avião.

Parecia que sim, disse o presidente, mas ele precisava de mais informações. "Estive malhando na última hora e meia", afirmou.

Na maior parte do tempo, Biden e a família se refugiaram na casa de Steyer na comunidade de Glenbrook, no lago Tahoe, um dos metros quadrados mais caros dos Estados Unidos. Integrantes da Casa Branca disseram que o presidente alugou a casa por "valor de mercado justo", mas não divulgaram detalhes.

Observadores dizem que Biden parece ter abraçado a realidade que se tornou inevitável para a maioria dos presidentes desde que Theodore Roosevelt instalou um telefone para trabalhar durante os verões em sua casa em Sagamore Hill, em Long Island, no estado de Nova York.

"Quando você é presidente, as coisas estão constantemente chegando até você, não há descanso", disse Tevi Troy, estudioso de presidentes, ex-funcionário da gestão de George W. Bush e autor do livro "Devemos Acordar o Presidente? Dois Séculos de Gerenciamento de Desastres do Salão Oval".

O presidente George H. W. Bush estava de férias no Maine, em agosto de 1991, durante uma tentativa de golpe na União Soviética; em agosto de 1998, o então presidente Bill Clinton anunciou ataques aéreos no Afeganistão e no Sudão quando estava em Martha's Vineyard, em Massachusetts.

Biden tem sido criticado por não falar o suficiente publicamente sobre os incêndios em Maui antes de sua visita à ilha havaiana, segundo adversários republicanos. Integrantes da Casa Branca disseram que o presidente assinou a declaração de desastre, que liberaria ajuda federal, em pouco mais de uma hora após sua chegada à Casa Branca, e esteve ao telefone e em reuniões sobre o incêndio todos os dias durante o fim de semana em que estava em Rehoboth Beach, em Delaware.

Em 2002, George W. Bush jogava golfe de manhã no Maine quando tirou um tempo para condenar um atentado suicida que deixou mortos em um ônibus em Israel. "Peço a todas as nações que façam tudo o que puderem para deter esses terroristas assassinos", disse Bush no primeiro buraco do campo de golfe de Cape Arundel, às 6h15. "Obrigado", disse ele antes de imediatamente voltar para à partida. "Agora vejam essa tacada."

Bush também foi criticado por não retornar de suas férias em seu rancho em Crawford, no Texas, dias depois que o furacão Katrina atingiu o país em agosto de 2005 e deixou centenas de mortos e um rastro de destruição.

Em agosto de 2014, o então presidente Obama enfrentou críticas por continuar seu jogo de golfe em Martha's Vineyard apenas minutos depois de dizer que o mundo inteiro estava chocado com a decapitação de James Foley, um jornalista americano, por extremistas islâmicos.

Assessores dizem que os primeiros dias das férias de Biden são um retrato da convergência extraordinária de crises enfrentadas pelos Estados Unidos —condições climáticas extremas, uma guerra em andamento no exterior e violência armada no país.

"Poderíamos imaginar 1.001 coisas para um presidente dos Estados Unidos fazer ao lidar com as mudanças climáticas", disse Jeffrey A. Engel, diretor e fundador do Centro de História Presidencial da Universidade Metodista do Sul. "Nenhuma delas envolve pegar ele mesmo uma mangueira e molhar um prédio em Maui."

Na quarta, depois de equilibrar pilates e Prigojin, Biden voltou para a casa alugada de 1.200 metros quadrados escondida entre as árvores no lago Tahoe. E embora seus assessores não tenham dado muitos detalhes sobre o que ele estava fazendo, o resto do dia não foi totalmente livre de trabalho: o presidente disse que assistiria ao debate das primárias republicanas de noite.

Na rede social X, antigo Twitter, a conta de Biden postou uma mensagem apenas minutos depois que os candidatos discutiram se acreditavam ou não nas mudanças climáticas: "As mudanças climáticas são reais, por falar nisso", escreveu o perfil do presidente.

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