Descrição de chapéu Rússia China Brics

Cúpula do Brics começa com candidaturas fortes de Argentina, Indonésia e países árabes

Líderes do bloco se reúnem em Joanesburgo para discutir possível admissão de mais sócios e futuro dos membros

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Joanesburgo

Os países que hoje são considerados os candidatos mais fortes a ingressar no Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) são Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Indonésia e Argentina, segundo disseram à Folha pessoas que acompanham as conversas.

A cúpula do Brics começa nesta terça-feira (22) em Joanesburgo (África do Sul), com a expansão como principal ponto da agenda.

Presidente-executivo da Companhia Nacional da Rede Elétrica da China, Baoan Xin, fala durante o fórum empresarial do Brics, em Joanesburgo - Marco Longari/AFP

De acordo com interlocutores, os países citados são os que até o momento mais se aproximam de critérios comuns discutidos entre os cinco atuais integrantes —há no total mais de 20 países que postularam entrar no Brics.

Os cinco candidatos mais fortes são vistos como países com uma política externa com um nível considerável de independência. Dessa forma, uma configuração do Brics com esses novos sócios evitaria a imagem de que o bloco teria se convertido numa plataforma da China e da Rússia para antagonizar com os Estados Unidos e o G7. Isso porque entre os governos que pediram para ingressar há adversários históricos dos EUA, como Cuba, Irã, Venezuela e Belarus.

Os Emirados Árabes Unidos já participam de uma instituição criada no âmbito do Brics, que é o Novo Banco de Desenvolvimento. A Arábia Saudita negocia para também fazer um aporte na instituição hoje chefiada pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff.

Já o Egito —também sócio do NDB— tem o ingresso no Brics como um dos seus principais objetivos da política externa sob a gestão do líder Abdul Fatah Khalil Al-Sisi. A Indonésia, por sua vez, sempre foi considerada uma postulante forte pelo tamanho de sua população e da sua economia.

Nessa configuração, a Argentina entraria num contexto de equilíbrio geográfico para incluir mais um país importante da América Latina. Há, no entanto, dúvidas sobre a capacidade dos argentinos de cumprirem uma das principais promessas que o Brasil espera dos possíveis novos integrantes do Brics.

O governo Lula (PT) quer compromissos com a reforma do Conselho de Segurança da ONU —uma demanda histórica da diplomacia brasileira— e com o pleito de Brasília de assumir assento permanente na entidade. A Argentina, porém, é historicamente contra a ascensão do Brasil a esse nível.

Além disso, é incerto o nível de interesse de Buenos Aires em meio a um processo eleitoral em que a ultradireita, na figura de Javier Milei, está em alta. O atual presidente, Alberto Fernández, está na lista dos chamados para participar da cúpula em Joanesburgo como convidado, mas não deve comparecer.

Os critérios que vão balizar como uma ampliação pode ocorrer estão sendo negociados por diplomatas dos cinco países integrantes. A expectativa, no entanto, é que a decisão política final fique a cargo dos chefes de Estado que iniciam uma série de reuniões nesta terça.

A China é a maior defensora da inclusão de novos sócios no Brics. Segundo interlocutores, Pequim defende "escancarar as portas" do grupo e admitir de uma vez duas dezenas de países. A África do Sul tem visão similar à chinesa, segundo disse o presidente Cyril Ramaphosa ao receber Xi Jinping.

Essa hipótese, porém, é rechaçada por Brasil e Índia, porque esse desenho seria fatalmente encarado como uma aliança anti-Ocidente. Os russos e os sul-africanos têm seguido a linha de Pequim, enquanto Brasília e Nova Déli adotam uma posição mais defensiva.

Antes frontalmente contra a expansão, o Brasil flexibilizou sua posição e agora argumenta que um crescimento controlado não é ruim para os interesses do país. A Índia também enviou sinais de que aceita discutir uma entrada controlada de alguns candidatos.

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