Cúpula do Brics terá presença de Cuba, Irã e candidatos a entrar no bloco

Governo anfitrião convidou dezenas de países para encontro em Joanesburgo na próxima semana

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Ahmedabad (Índia)

A cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, reunirá dezenas de líderes de outros países num fórum para convidados, entre os quais os dirigentes de Cuba e Irã, que antagonizam com os Estados Unidos e são candidatos a ingressar no grupo, além de diversos governantes africanos.

A ideia é que os convidados participem de um fórum ampliado em 24 de agosto, na sequência das sessões restritas aos atuais integrantes do bloco, marcadas para os dias 22 e 23 em Joanesburgo.

Bandeiras dos países membros do Brics refletidas em janela durante encontro de chancelers do bloco, na Cidade do Cabo, na África do Sul
Bandeiras dos países membros do Brics refletidas em janela durante encontro de chancelers do bloco, na Cidade do Cabo, na África do Sul - Rodger Bosch - 2.jun.23/AFP

O único líder dos membros do Brics ausente será o presidente russo, Vladimir Putin, que será representado pelo chanceler Serguei Lavrov. O chefe do Kremlin é alvo de um mandado de prisão do TPI (Tribunal Penal Internacional), sob acusação de crimes de guerra na Ucrânia. Como a África do Sul é signatária do tratado que criou o tribunal, o país em tese teria de prender Putin caso ele desembarcasse na cidade africana.

Os sul-africanos têm tradição de aproveitar a presidência de turno do bloco para fazer acenos a nações da África, mas a extensão de convites a postulantes ao clube é parte da estratégia de Pretória para pressionar outros membros do Brics em favor da ampliação do fórum. A principal defensora desse movimento é a China, e a avaliação de analistas é que Pequim quer usar o bloco ampliado para se opor aos Estados Unidos e ao G7. A Rússia também tem defendido a entrada de novos integrantes.

Brasil e Índia resistem à entrada de mais membros, sob a visão de que as adesões desvirtuariam o propósito do grupo e diluiriam a influência dos fundadores em deliberações. Mas há sinalizações de ambos os países de que eles podem flexibilizar suas posições. O ministro de Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, disse nesta quarta-feira (16) encarar de "mente aberta" e de forma positiva uma eventual expansão, ainda que tenha destacado a necessidade de estabelecer critérios para tal.

Já no Brasil, o presidente Lula (PT) deu declarações de que gostaria de ver países como Venezuela, Argentina e Arábia Saudita no bloco, contrariando a posição do Itamaraty, o que deixa aberta a possibilidade de uma determinação política do Planalto em favor da expansão.

Ainda não há confirmações em torno de reuniões bilaterais de Lula em Joanesburgo e ainda é incerto se ele se encontrará, à margem da cúpula, com Miguel Díaz-Canel (Cuba) ou Ebrahim Raisi (Irã).

A lista de líderes convidados que confirmaram presença também inclui o chanceler da Belarus, Serguei Aleinik, país aliado à Rússia, e os líderes dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Mohamed bin Zayed Al Nahyan, e da Indonésia, Joko Widodo. Ambos os países manifestaram interesse em fazer parte do Brics.

Já do continente africano devem comparecer, entre outros, os líderes de Congo, Ruanda, Moçambique, Gana, Egito e Etiópia. Os dois últimos também são candidatos a entrar no bloco.

O repórter viajou a convite do governo da Índia

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