Espanha faz maior apreensão de cocaína de sua história ao interceptar remessa do Equador

Policiais localizam 9,5 toneladas da droga em contêiner; país sul-americano sofre com crise de segurança

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São Paulo

Após a corrida eleitoral mais sangrenta da história do Equador, marcada pelo assassinato de políticos e ameaças de narcotraficantes, a polícia da Espanha disse nesta sexta-feira (25) ter apreendido um carregamento recorde de 9,5 toneladas de cocaína em um contêiner procedente do país sul-americano.

A droga foi encontrada no porto de Algeciras, no sul da Espanha, e estava escondida em caixas de banana. Segundo as autoridades, trata-se da maior remessa de cocaína apreendida no país. "A operação foi um golpe sem precedentes para uma das organizações criminosas mais importantes do mundo, que tinha como alvo grandes redes criminosas na Europa", disse a polícia em comunicado.

Agentes da polícia e da alfândega da Espanha inspecionam cocaína apreendida
Agentes da polícia e da alfândega da Espanha inspecionam cocaína apreendida - Jorge Guerrero/AFP

A droga foi encontrada na quarta-feira (23) em um contêiner refrigerado, acrescentou a polícia. As caixas estavam marcadas com mais de 30 logotipos correspondentes às diferentes redes criminosas na Europa que iriam receber a remessa. A polícia não revelou o nome das organizações investigadas.

Segundo as autoridades, o contêiner partiu da cidade equatoriana de Machala, onde está localizada a empresa que exporta a fruta e que seria utilizada pela organização do narcotráfico para fazer seus embarques. Investigações apontam que a companhia é capaz de enviar à Europa aproximadamente 40 contêineres por mês, alguns dos quais "contaminados com substâncias ilícitas", de acordo com a polícia.

A Espanha é um dos principais pontos de entrada de drogas na Europa devido à proximidade do país com o norte de África, região produtora de cannabis, e às suas relações com a América do Sul, de onde partem as maiores remessas de cocaína. Antes, a maior apreensão havia sido registrada em abril de 2018, quando a polícia localizou 8,7 toneladas da droga escondidas num navio que partiu de Turbo, na Colômbia.

Os equatorianos foram às urnas no domingo (20) ainda sob o eco da violência que marcou a campanha à Presidência. No último dia 9, o candidato Fernando Villavicencio, 59, foi assassinado com três tiros após um comício em Quito, num crime que chocou o país a poucos dias da votação.

Entre os episódios de violência houve ainda os casos de Estefany Puente, postulante à Assembleia Nacional atingida de raspão num atentado contra o carro que dirigia, e de Pedro Briones, líder regional do partido do ex-presidente Rafael Correa assassinado ao chegar em casa, em Esmeraldas, perto da fronteira com a Colômbia. Antes, no primeiro semestre, dois prefeitos já haviam sido mortos em ataques.

A explosão da violência ocorre num contexto de aumento da produção global de cocaína, que fez os estratégicos portos do país ganharem relevância na rota aos EUA, à Europa e à Ásia. Assim, grupos locais cresceram, armados e financiados por cartéis colombianos e mexicanos, sem qualquer preparo do Estado.

A população equatoriana sofre com a crise na segurança, agravada nos últimos dois anos pela guerra entre gangues de narcotraficantes nas ruas e nas prisões. A taxa de homicídios triplicou nesse período, de 7,8 para 25,9 por 100 mil habitantes, segundo dados oficiais.

No mês passado, autoridades da Itália também apreenderam uma carga recorde de 5,3 toneladas de cocaína que estava sendo transportada em um navio próximo à Sicília, no sul do país.

Na ocasião, autoridades afirmaram que a embarcação partiu da América do Sul, mas sem especificar o país. Em um vídeo sobre a operação compartilhado nas redes sociais, porém, a Guardia di Finanza ilustra um mapa-múndi no qual marca sob o território da Venezuela uma seta, sugerindo ser ali a origem das drogas —a corporação, porém, não mencionou o país em seus comunicados.

Com AFP e Reuters

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