Descrição de chapéu Governo Biden

EUA classificam de 'ato terrorista' ataque de colonos de Israel contra palestinos

Relações entre países estão fragilizadas desde avanço de controversa reforma judicial promovida por Netanyahu

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São Paulo

Em nova crítica à extrema direita de Israel, os Estados Unidos classificaram de "terrorista" o ataque feito por colonos israelenses na Cisjordânia que resultou na morte de um palestino de 19 anos, em 4 de agosto.

A declaração engrossa a lista de atritos recentes entre os países. As relações diplomáticas entre Washington e Tel Aviv estão fragilizadas desde o avanço de uma reforma judicial promovida por Binyamin Netanyahu que limita os poderes da Suprema Corte e, segundo críticos, enfraquece a democracia.

Palestinos carregam corpo de adolescente morto por colonos israelenses na Cisjordânia
Palestinos carregam corpo de adolescente morto por colonos israelenses na Cisjordânia - Ayman Nobani - 4.ago.23/Xinhua

O palestino Qusai Jamal Maatan, 19, foi morto a tiros por colonos israelenses nas proximidades da cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Logo após o crime, o escritório do Departamento de Estado dos EUA para o Oriente Médio descreveu o episódio como um "ataque terrorista" realizado por um "extremista".

Nesta segunda (7), o porta-voz do departamento Matthew Miller reforçou o posicionamento e disse que a escolha das palavras não foi um erro. "Nosso raciocínio é que se trata de um ataque terrorista. Estamos preocupados e por isso o designamos dessa forma", disse ele, acrescentando que a justiça deve ser feita com "a mesma rigidez em todos os casos de violência extremista, independentemente dos autores".

Miller ainda elogiou a prisão de dois israelenses suspeitos de envolvimento no crime. Segundo a imprensa local, um deles foi porta-voz de um parlamentar do Otzma Yehudit (Força Judaica), partido do qual faz parte o extremista Itamar Ben-Gvir, atual ministro de Segurança Pública do governo Netanyahu.

Cerca de três milhões de palestinos moram na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967. Cerca de 490 mil colonos judeus também vivem em assentamentos na região considerados ilegais sob o direito internacional por diversas organizações, entre as quais as Nações Unidas.

Antes do assassinato na semana passada, a ONU já havia alertado para um "aumento significativo" nos ataques de colonos contra palestinos ou suas propriedades na Cisjordânia. De acordo com a organização, foram registrados aproximadamente 600 incidentes do tipo nos primeiros seis meses do ano.

A expansão dos assentamentos foi uma promessa de campanha de Netanyahu, que lidera o governo mais à direita da história de Israel, com a participação de líderes nacionalistas. Aliados do primeiro-ministro defendem a construção de novas moradias como resposta a ataques terroristas em Jerusalém.

Em junho, a coalizão de Netanyahu anunciou planos para ampliar a ocupação de colonos israelenses na Cisjordânia. Segundo o gabinete, o plano é avançar com mil novas casas no assentamento de Eli, o que potencialmente duplicaria a população no local. O governo não detalhou o cronograma da expansão.

O anúncio da construção de novos assentamentos ocorreu num momento em que Bibi, como o premiê é conhecido, enfrenta atos desencadeados por uma controversa reforma judicial que ameaça a autonomia do Judiciário. A primeira parte do projeto foi aprovada no mês passado e extinguiu o chamado "padrão de razoabilidade", recurso até então usado por tribunais para invalidar decisões do governo.

A Justiça israelense podia considerar uma decisão não razoável se, por exemplo, concluir que a sentença foi tomada sem a análise de todas as questões relevantes. Os tribunais costumavam usar o padrão de razoabilidade principalmente para bloquear nomeações ministeriais e contestar decisões administrativas e de planejamento. As decisões eram baseadas em precedentes.

O presidente dos EUA, Joe Biden, tem criticado a reforma judicial, constrangendo Netanyahu a adotar uma postura mais conciliadora. O Parlamento local está em recesso e retomará as atividades em outubro.

Países do Ocidente também já haviam criticado a expansão dos assentamentos num momento de tensão crescente na região. Em nota divulgada em fevereiro, as chancelarias de Alemanha, França, EUA, Itália e Reino Unido disseram que a medida exacerbaria a crise entre israelenses e palestinos.

A Cisjordânia, uma das áreas em que os palestinos querem estabelecer um Estado independente, registra níveis crescentes de violência enquanto as negociações de paz patrocinadas pelos EUA estão paralisadas há quase dez anos.

Com AFP

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