Com ventos de até 95 km/h, a tempestade tropical Hilary forçou a retirada de dezenas de moradores e provocou inundações na Califórnia, nos Estados Unidos, neste domingo (20). O fenômeno é o primeiro a atingir o estado em mais de 80 anos, e surpreendeu uma população que enfrentou uma onda de calor extrema no mês passado —a região é marcada por secas.
Não há informações sobre feridos, mas o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, declarou estado de emergência na maior parte da área sul do estado, com alertas de enchentes pelo menos até a manhã desta segunda (21).
"Este é um fenômeno climático sem precedentes", disse a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, ao comentar o alerta disparado pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA que enfatizava a possibilidade de "inundações catastróficas", além do risco de mortes devido às chuvas no sudoeste do país.
A tempestade Hilary entrou na Califórnia por meio do condado de San Diego, após uma passagem pelo México em que provocou estragos. Mais ao norte, autoridades do condado de San Bernardino, próximo a Los Angeles, determinaram a retirada de pessoas em regiões montanhosas, onde as chuvas causaram inundações, quedas de árvores e deslizamentos de terra.
As praias de Los Angeles foram fechadas, e as pessoas correram para os supermercados para comprar e estocar água e alimentos. Há uma preocupação especial com as cerca de 75 mil pessoas que vivem em situação de rua na cidade, descritas como vulneráveis. "Sabemos que pode ficar muito pior", disse Bass. "Meu receio é que as pessoas desdenhem do perigo e saiam de casa quando precisamos que elas permaneçam lá para continuar seguras."
Os danos ainda estão sendo avaliados, e o presidente Joe Biden ordenou que as agências federais encaminhem suprimentos e equipes de emergência para a região. Ao menos cinco abrigos contra tempestades já foram montados, e 7.500 socorristas foram mobilizados, incluindo soldados da Guarda Nacional, bem como equipes de resgate em águas rápidas.
Por precaução, escolas nas cidades de Los Angeles e San Diego cancelaram as aulas nesta segunda-feira. Na segunda, moradores encheram sacos de areia para se preparar para uma possível inundação. Já a leste de Los Angeles, em Rancho Mirage, as enchentes cobriram veículos. "É incrível. Nunca vi nada assim", disse Sean Julian, 54, morador da cidade. "Eu provavelmente não deveria estar aqui."
Ao longo do dia, a expectativa é de que a tempestade Hilary avance pelo estado de Nevada. Fortes chuvas são esperadas em regiões desérticas antes que o fenômeno se dissipe.
Antes de chegar aos EUA, a tempestade tropical atingiu a península da Baixa Califórnia, no México, provocando chuvas intensas. Uma pessoa morreu após uma enchente repentina. Estradas foram danificadas, e imagens compartilhadas pelas redes sociais mostram torrentes furiosas descendo pelas ruas das cidades.
O Exército mexicano disse ter ativado 35 abrigos, para onde foram levadas 1.725 pessoas impactadas. As autoridades de Los Cabos, destino turístico frequentado em especial por americanos, trabalham para restabelecer o abastecimento de água potável e o transporte público após a passagem do furacão.
Nos EUA, o Hilary atrapalhou voos e eventos esportivos antes mesmo de chegar. Embora o fenômeno tenha enfraquecido ao se aproximar da terra, ele ainda pode se tornar a pior tempestade a atingir o sudoeste do país, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia.
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