Descrição de chapéu China

Tempestade mais intensa da década deixa ao menos 20 mortos na China

Líder chinês, Xi Jinping, busca minimizar impactos da chuva e ordena restabelecimento da rotina

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São Paulo

Ao menos 20 pessoas morreram e 19 estão desaparecidas em Pequim e cidades vizinhas devido às fortes chuvas provocadas pelo tufão Doksuri. As tempestades, as mais intensas no norte da China em mais de uma década, alagaram bairros e interromperam o abastecimento de alimentos e produtos.

Autoridades de Fangshan, distrito rural no oeste da capital chinesa, mobilizaram helicópteros para levar comida, água potável e outros suprimentos de emergência para aldeias em áreas montanhosas que estão isoladas. A emissora estatal CCTV exibiu imagens de ônibus submersos pelas enchentes na área, que, assim como outros bairros afastados do centro, foi um dos mais impactados.

Rio Yongding que inundou após fortes chuvas em Pequim, na China
Rio Yongding que inundou após fortes chuvas em Pequim, na China - CNS/AFP

Mais de 100 mil pessoas —do total de 22 milhões de habitantes de Pequim— foram retiradas de áreas de risco, de acordo com o jornal estatal Global Times. Os rios subiram a níveis críticos, e o governo local precisou usar um reservatório de armazenamento de água pela primeira vez desde que ele foi construído, há 25 anos. Até a noite de segunda-feira (31), as autoridades da capital haviam fechado mais de cem estradas.

O número de mortos em Pequim subiu para 11 nesta terça (1º), e outras 13 pessoas seguem desaparecidas na capital chinesa. O governo local disse que as chuvas dos últimos dias superaram o volume das tempestades históricas de julho de 2012, quando a cidade registrou precipitações de 190,3 mm em um só dia. À época, 79 pessoas morreram, e mais de 1,6 milhão foram impactadas.

De sábado até segunda, Pequim havia registrado 260 mm de precipitações. Os danos totais ainda são incertos, e o líder chinês, Xi Jinping, prometeu mobilizar esforços para resgatar aqueles desaparecidos e ilhados. Por outro lado, o dirigente buscou minimizar a crise, orientando autoridades locais a restaurar a rotina habitual o mais rápido possível, de acordo com a imprensa oficial.

O tufão enfraqueceu à medida que avançou para o interior e foi rebaixado a depressão tropical, mas continua provocando chuvas ininterruptas em mais cidades do norte chinês. As autoridades alertam que os riscos de inundações e de outros desastres geológicos permanecem. Novas tempestades e ventos fortes estavam previstos para esta terça nas regiões de Pequim, Tianjin e Hebei, segundo a emissora estatal CCTV.

Várias linhas de metrô e de trem na capital estão paralisadas. O distrito de Mentougou, no oeste da capital, sofreu danos consideráveis, segundo autoridades, depois que as chuvas transformaram estradas em rios –dezenas de carros foram arrastados. Em resposta, o Ministério das Finanças chinês anunciou que alocaria 110 milhões de yuans (R$ 71,1 milhões) para resgates e reparos nas áreas atingidas.

Quase 400 voos foram cancelados nesta terça, e centenas de viagens estão atrasadas nos dois aeroportos de Pequim, segundo o aplicativo Flight Master.

Na província de Hebei, a sudoeste da capital, outras nove pessoas morreram e seis estão desaparecidas. Assim como em Pequim, a região está sob alerta vermelho devido ao risco de inundações repentinas e deslizamentos de terra. Já em Tianjin, cidade próxima à Pequim onde a chuva se tornou intermitente, 35 mil pessoas foram retiradas de suas casas, e autoridades locais se esforçam para reparar as redes de energia e de comunicação danificadas pelas chuvas.

O Doksuri chegou à China na sexta (28), tendo passado antes pela ilha de Taiwan e pelas Filipinas. Ele foi um dos poucos tufões a atingir Pequim desde que os registros começaram a ser feitos, em 1951 —um deles, em 1956, foi o de maior impacto, com precipitações de quase 300 mm.

Tsai Ing-wen, presidente de Taiwan, ilha considerada uma província rebelde pelo regime chinês e alvo de ameaças de invasão militar por Pequim, enviou condolências aos atingidos pelas chuvas.

O Doksuri ainda varreu a província costeira de Fujian, no sudeste, na semana passada, causando prejuízos econômicos estimados em 14,76 bilhões de yuans (R$ 9,7 bilhões) e impactando quase 2,7 milhões de pessoas. Cerca de 562 mil habitantes foram retirados de suas casas, e mais de 18 mil construções foram danificadas.

Meteorologistas alertam que outro tufão, o Khanun, está prestes a atingir a densamente povoada costa chinesa. Segundo eles, a nova tempestade pode agravar os prejuízos causados pelo Doksuri a diversas plantações.

Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.

A Ásia foi o continente mais afetado, contabilizando mais de 3.400 desastres nesse período, responsáveis por quase 1 milhão de mortes. Outro órgão ligado à ONU, o IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança de Clima), diz que hoje é inequívoco que parte dessas mudanças foi gerada por ações humanas.

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