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Russos votam em eleições regionais duramente controladas por Kremlin

Candidatos concorrem em 21 regiões do país, mas nomes fortes da oposição foram impedidos de participar do pleito

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Reuters

A Rússia promove, até o próximo domingo (10), eleições regionais e locais rigidamente controladas pelo Kremlin. Da Sibéria à costa do mar Negro, cidadãos de 21 províncias votarão em seus próximos dirigentes. Autoridades instaladas pelo presidente Vladimir Putin nas regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson também realizam pleitos —medida amplamente condenada por Kiev e seus aliados.

Eleitor vota em Makiivka, localidade em Donetsk, região ucraniana controlada pela Rússia - Alexander Ermochenko - 4.set.23/Reuters

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que era "difícil exagerar a importância" da rodada eleitoral.

Em 2018, quando as 21 regiões votaram pela última vez, um impopular aumento da idade para aposentadoria fez com que o partido no poder, Rússia Unida, perdesse quatro eleições para governador. Foi uma derrota dolorosa para um grupo impulsionado pelo quase monopólio do Kremlin na cobertura de notícias políticas.

Surpresas do tipo parecem improváveis neste ano, dado o aumento da repressão a dissidentes desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro do ano passado. As figuras da oposição foram intimidadas, exiladas ou, como o crítico mais poderoso do Kremlin, Alexei Navalni, presas. Grupos de defesa dos direitos eleitorais foram dissolvidos, e meios de comunicação críticos ao governo, encerrados ou expulsos.

Embora a sua outrora influente organização política tenha sido destruída em sua maior parte, Navalni tentou reviver uma estratégia de encorajar seus apoiadores a votarem naqueles com maior probabilidade de derrotar o Rússia Unida nestas eleições. Todas as forças políticas legais minimamente representativas da Rússia hoje —incluindo os partidos de oposição leais ao Kremlin, que proporcionam ao governo a aparência de competição— são amplamente pró-Putin e apoiam a Guerra da Ucrânia.

Mesmo assim, o Kremlin fez de tudo para evitar perturbações. Fortes candidatos da oposição, incluindo parlamentares, foram impedidos de concorrer a governador nas suas regiões de origem.

Com isso, apenas uma disputa pelo cargo, na pequena região siberiana de Khakassia, é vista por observadores como remotamente competitiva. A área é governada por um político comunista que em 2018 derrotou o candidato apoiado pelo Kremlin. Ele concorre novamente este ano —e parece estar a caminho da reeleição, uma vez que seu adversário, do Rússia Unida, anunciou inesperadamente no início do mês que estava desistindo do pleito por motivos de saúde.

Stanislav Andreitchuk, um dos presidentes do Golos, organização de fiscalização eleitoral que Moscou considera um "agente estrangeiro", afirmou que, ao afastar seu candidato na região, o Kremlin provavelmente queria evitar uma derrota embaraçosa antes das eleições presidenciais, marcadas para março.

Enquanto isso, o governo russo também expandiu novas práticas eleitorais que, segundo os críticos, ajudam a falsear resultados. Algumas regiões têm períodos de votação que duram vários dias, o que, segundo os críticos, diminui o número de observadores.

Em Kherson, região ucraniana controlada pela Rússia onde a votação começou em 31 de agosto, por exemplo, o governador declarou esta sexta-feira (8) como feriado para encorajar os que ainda não votaram a ir às urnas.

Outras regiões empregam um esquema de votação online que, segundo opositores, foi usado para aumentar os votos no Rússia Unida nas eleições de 2021 para a Duma, Câmara baixa do Parlamento russo.

As autoridades negam todas as alegações de manipulação de votos. Mas Andreitchuk disse esperar que a participação nas eleições diminua, apesar da forte pressão de empregadores em instituições estatais e de grandes empresas para que as pessoas votem.

Num relatório publicado em julho, o Golos comparou a atmosfera das eleições russas atuais às de um país sob lei marcial, quando o governo detém controle total sobre a vida civil e pode promover medidas militares drásticas. O documento afirma ainda que as autoridades parecem ter reconhecido oficialmente que pretendem ignorar as normas constitucionais.

Em parte da região sudoeste de Belgorodo, que sofreu repetidos bombardeios atribuídos à Ucrânia, a votação para duas assembleias locais foi adiada em 15 localidades devido ao estado de emergência em vigor nelas.

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