Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ataque com míssil mata mais de 50 civis no nordeste da Ucrânia

Zelenski acusa Rússia pela ação, uma das mais mortíferas desde a invasão de 2022

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São Paulo

Em um dos mais graves ataques contra civis na Ucrânia desde a invasão russa de 2022, ao menos 51 pessoas morreram na explosão de um míssil contra dois prédios comerciais na vila de Hroza, na região de Kharkiv (nordeste do país).

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, comentou o caso enquanto comparecia a uma conferência de segurança na Espanha. Acusou Moscou e o "terror russo" pelo ataque, e prometeu uma "resposta dura, absolutamente dura". "Não foi uma ataque às cegas."

Bombeiros e militares participam de resgate de vítimas do ataque em Hroza, na região de Kharkiv
Bombeiros e militares participam de resgate de vítimas do ataque em Hroza, na região de Kharkiv - Andrii Iermak no Telegram/Reuters

Até aqui, o mais mortífero ataque contra civis havia ocorrido em Mariupol, cidade hoje ocupada pelos russos, quando um número estimado de 300 pessoas morreu no bombardeio de um teatro na cidade em março do ano passado. Uma ação semelhante à de hoje em termos de perdas ocorreu em Kramatorsk um mês depois, com 52 vítimas.

O Kremlin não se pronunciou, mas usualmente o discurso no caso é de que ele apenas ataca objetivos militares na sua guerra. A esta altura, não é possível determinar de quem é a culpa, já que acidentes com mísseis antiaéreos ucranianos já ocorreram no conflito.

Foi assim, segundo uma apuração do insuspeito jornal americano The New York Times, na explosão que matou 17 pessoas em um mercado em Kostantinvka, no leste do país, em setembro. Zelenski acusou Moscou de "maldade descarada", mas a análise da trajetória do míssil indicou que se tratava de uma arma defensiva que errou o alvo.

O Ministério do Interior ucraniano afirma, contudo, que a investigação inicial sobre o ataque desta quinta-feira sugere que os prédios foram atingidos por um míssil balístico Iskander-M. Não é uma arma muito utilizada: entre outubro do ano passado e setembro de 2023, 36 projéteis deles foram disparados e 14, abatidos, segundo Kiev.

Por óbvio, isso é irrelevante para os mortos. A maior parte deles estava em um café, que recebeu 330 pessoas para uma homenagem a um soldado do local morto na guerra. Outros estavam em uma loja vizinha.

"Havia pessoas de todas as famílias, de todas as casas da cidade. É uma tragédia terrível", afirmou o ministro do Interior ucraniano, Ihor Klimenko, em entrevista a emissoras de TV. Um dos mortos é um menino de oito anos, e pelo menos seis pessoas estão hospitalizadas.

A região de Hroza está sob intenso cerco de forças russas desde que Moscou decidiu responder à contraofensiva lançada por Zelenski mais ao sul na frente de batalha em junho. Os russos ganharam mais território do que os ucranianos, mas ninguém logrou um avanço decisivo.

A Ucrânia evacuou 37 das 270 cidades da região ante o avanço russo, mas a linha de frente está relativamente estável há algumas semanas. A área de Kharkiv havia sido parcialmente ocupada no início da guerra, mas foi recapturada numa ação surpreendente dos ucranianos em setembro do ano passado. O principal objetivo russo agora parece ser Kupiansk, perto de Hroza, um importante centro de distribuição logística ferroviária.

Em outras três áreas do país, a Força Aérea afirmou ter interceptado 24 dos 29 drones suicidas de produção iraniana. Houve alguns danos, mas não há registro de vítimas.

Zelenski usou o ataque para reforçar seu pedido por mais defesas antiaéreas no encontro da Comunidade Política Europeia, grupo criado pelos apoiadores de Kiev contra a invasão russa, em Granada. "Nós estamos conversando com líderes europeus sobre fortalecer nossas defesas aéreas e proteger nosso país do terror", disse, em postagem no Telegram.

A anfitriã Espanha se prontificou a transferir sistemas de defesa Patriot, de origem americana, para Zelenski. Na véspera, o governo americano havia aprovado a venda de novas unidades do armamento para Madri, no valor de US$ 2,8 bilhões (R$ 14,5 bilhões hoje).

Ainda mais relevante, o país europeu ofereceu seis sistemas de antigos mísseis antiaéreos Hawk para ajudar a proteger o corredor proposto pela Ucrânia para escoar sua produção agrícola no mar Negro. Em julho, a Rússia deixou o acordo que permitia isso, alegando não ter recebido as contrapartidas prometidas, e o trânsito na área caiu brutalmente pelo temor de interceptações ou ataques.

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