Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Brasileiro que desapareceu em rave atacada por Hamas em Israel é encontrado morto

Ranani Glazer, 23, estava com namorada e amigos quando recinto do evento foi invadido por terroristas do grupo palestino

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Boa Vista e São Paulo

Um dos brasileiros que estavam na rave atacada pelo grupo terrorista Hamas em Israel neste fim de semana, Ranani Glazer, 23, está morto. A informação foi confirmada pela tia do jovem à Folha na noite de segunda-feira (9).

O governo brasileiro confirmou a morte de Glazer na manhã desta terça (10). Em nota, o Itamaraty manifestou pesar e reiterou "absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis".

Ranani Nidejelski Glazer em foto publicada em seu perfil nas redes sociais - @reineinai no Instagram

Glazer estava com outros dois brasileiros —a namorada, Rafaela Treistman, e o amigo Rafael Zimerman— em uma festa a 5 km da Faixa de Gaza no sábado (7) quando ela foi invadida por militantes da facção terrorista palestina. Homens armados cercaram o local, lançaram granadas e dispararam contra eles.

Segundo relato de Zimerman, os três fugiram e se esconderam em um abrigo ao ouvir os primeiros disparos. Ao deixarem o lugar em que se esconderam, porém, ele e Rafaela já não sabiam o paradeiro de Glazer.

"Quando saí do abrigo, dei de cara com a polícia", afirmou Zimerman. "Estava com a Rafaela. Mas o Ranani infelizmente não saiu com a gente. Chorei demais. Agradeci. O que falei com Deus não está escrito. Quando vi a Rafaela, só pensava em cuidar dela. Sair sem o Ranani foi uma dor enorme para ela."

Mais de 260 morreram na rave. Não está claro se o brasileiro já está contabilizado nessa cifra, nem se ela faz parte do número total de vítimas do conflito iniciado no sábado.

Participantes da festa dizem que um alerta de foguetes tocou logo ao amanhecer e foram seguidos de barulhos de tiros. "Desligaram a eletricidade e, de repente, do nada, eles [membros do Hamas] entraram atirando, disparando em todas as direções", disse uma testemunha a uma emissora de Israel. "Cinquenta terroristas chegaram em vans, vestidos com uniformes militares."

Os participantes do evento tentaram fugir do local correndo ou em carros, mas encontraram com jipes de terroristas armados.

O local do festival, que contava com três palcos, área de acampamento e refeições, fica no deserto de Negev, perto do Kibutz Re-im, a poucos quilômetros da Faixa de Gaza, de onde combatentes do Hamas cruzaram as fronteiras de Israel no amanhecer de sábado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou suas redes sociais para lamentar a morte de Glazer, publicando a mesma nota divulgada pelo Itamaraty.

"O governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, do falecimento do cidadão brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro, em Israel. Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Ranani, o governo brasileiro reitera seu absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis", afirma o texto.

A ofensiva do grupo terrorista é o pior ataque sofrido por Israel em 50 anos. Por ar, terra e mar, com foguetes e combatentes armados, a facção adentrou o território israelense e realizou sequestros e massacres, como os registrados na rave onde estavam os brasileiros.

O conflito já matou cerca de 1.800 pessoas, segundo balanços das autoridades de ambos os lados —ao menos mil do lado de Israel e 830 palestinos.

Nesta segunda, Tel Aviv afirmou ter retomado o controle de comunidades atacadas pelo Hamas e anunciou um "cerco total" à Faixa de Gaza. A área, equivalente a um quarto da cidade de São Paulo e que abriga 2,2 milhões de pessoas, é controlada pela facção terrorista.

Mais cedo, o Itamaraty havia informado, sem mencionar nomes, que três brasileiros estavam entre os desaparecidos desde a eclosão do conflito.

Um deles era a estudante de comunicação Bruna Valeanu, 24, que também estava no festival de música perto de Gaza. Segundo Nathalia, uma de suas irmãs, Bruna chegou a ligar para a mãe, mas ela não atendeu porque estava dormindo. Depois, ao despertar, ela ligou para a filha, que teria dito estar tudo bem. "Talvez para não preocupar nossa mãe, que certamente ficaria muito nervosa", disse.

Mas Bruna depois entrou em contato com amigos e colegas de trabalho e relatou estar em uma região de mata, com tiroteios e muitos feridos ao redor. A última vez que ela havia visualizado o WhatsApp foi às 9h21 do sábado.

Nesta terça, porém, outra irmã de Bruna, Florica, publicou em seu perfil no Facebook que a jovem também teve sua morte confirmada pelas autoridades. "A minha neném virou uma estrelinha no universo. Te amo para sempre", escreveu ela em seu perfil.

Uma das preocupações com desaparecidos após a ofensiva do Hamas é a possibilidade de eles terem sido capturados pelos combatentes terroristas e levados como reféns. Mais cedo, a facção ameaçou matar civis sequestrados caso Israel continuasse com ataques.

Em pronunciamento na tarde desta segunda (horário de Brasília), o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, ressaltou que o país fará de tudo pelos cidadãos israelenses capturados, embora também tenha garantido que os ataques à Faixa de Gaza como retaliação à ação do Hamas vão continuar. "Eu sei que vai tomar tempo, mas prometo que essa batalha não terminará até que eliminemos nosso inimigo", afirmou Netanyahu.

O porta-voz do braço armado do Hamas disse em seguida que o grupo terrorista não negociará "sob fogo". A facção também afirmou que Israel deve estar preparado para "pagar o preço" em troca da liberdade dos reféns, sem explicitar o que seria esse preço.

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