EUA vão enviar navios e aviões militares para perto de Israel, diz secretário de Biden

Segundo Lloyd Austin, Washington também fornecerá munições ao governo de Binyamin Netanyahu

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Kanishka Singh Idrees Ali
Washington | Reuters

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou que o país vai enviar navios e aeronaves militares ao Mediterrâneo oriental, próximo ao território israelense, numa demonstração de apoio a Tel Aviv. O governo americano acredita que o mais recente ataque do Hamas pode ter sido motivado para interromper uma possível normalização dos laços entre Israel e Arábia Saudita.

Combatentes do Hamas invadiram cidades israelenses e desencadearam um dos dias mais violentos em décadas no país, no sábado (7). Em retaliação, Israel bombardeou os palestinos com ataques aéreos em Gaza no domingo, com centenas de mortos em ambos os lados, segundo relatos. A escalada da violência ameaça iniciar uma nova guerra no Oriente Médio.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin - Win Mcnamee - 4.out.2023/Getty Images via AFP

Pelo menos três americanos estão entre os mortos, informou a rede CNN no domingo, citando um memorando dos EUA.

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse mais cedo à CNN que Washington tomou conhecimento de relatos de vários americanos mortos e sequestrados e estava buscando verificar detalhes e números.

"Temos relatos de que vários americanos foram mortos. Estamos trabalhando intensamente para verificar isso", disse ele.

Austin, da Defesa, afirmou que os Estados Unidos também fornecerpa munições a Israel e que sua assistência de segurança começará a ser enviada já neste domingo (8). Ele também disse que o Pentágono enviará caças para a região.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ao primeiro-ministro Binyamin Netanyahu neste domingo que assistência adicional para as forças de defesa de Israel estava a caminho e prometeu intensificar o apoio nos próximos dias, informou a Casa Branca após a ligação.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, também conversou com o presidente de Israel, Isaac Herzog.

O secretário de Defesa disse que ordenou o deslocamento de um grupo de ataque de porta-aviões para mais próximo de Israel, que inclui máquinas da classe Ford e os navios que os apoiam.

"Eu ordenei o deslocamento do Grupo de Ataque do Porta-Aviões USS Gerald R. Ford para o Mediterrâneo Oriental", disse ele em seu comunicado.

Dezenas de manifestantes pró-Palestina se reuniram na Times Square, em Nova York, e perto da Casa Branca, em Washington, no domingo, expressando oposição ao apoio dos EUA a Israel.

Alguns manifestantes carregavam faixas dizendo "Fim da ajuda dos EUA" e "resistência não é terrorismo". A governadora de Nova York, Kathy Hochul, condenou os anúncios das manifestações no sábado, dizendo que os protestos eram "moralmente repugnantes".

O ataque lançado pelo Hamas no sábado representou a maior e mais mortal incursão em Israel desde que Egito e Síria lançaram um ataque repentino na tentativa de recuperar territórios perdidos na Guerra do Yom Kippur, há 50 anos.

INTERFERINDO NAS RELAÇÕES SAUDITAS-ISRAELENSES

"Não seria surpresa que parte da motivação possa ter sido interferir nos esforços para aproximar a Arábia Saudita e Israel, juntamente com outros países interessados em normalizar as relações com Israel", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à CNN no domingo.

O Hamas afirmou no sábado que o ataque foi motivado pelo que chamou de ataques israelenses escalados contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos em prisões israelenses.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, destacou as ameaças à Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém, a continuação do bloqueio israelense a Gaza e a normalização israelense com países da região.

No mês passado, Netanyahu afirmou acreditar que seu país estava prestes a alcançar a paz com a Arábia Saudita, prevendo que a medida poderia remodelar o Oriente Médio. A Arábia Saudita, lar dos dois santuários mais sagrados do Islã, sempre insistiu no direito dos palestinos à autodeterminação como condição para reconhecer Israel —algo que muitos membros da coalizão religiosa nacionalista de Netanyahu têm resistido há muito tempo.

Os Estados Unidos disseram no domingo que os esforços de normalização entre Arábia Saudita e Israel devem continuar, apesar do último ataque.

"Achamos que seria do interesse de ambos os países continuar a buscar essa possibilidade", disse o vice-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jon Finer, à Fox News Sunday.

COMBATES CONTINUAM EM GAZA

Blinken classificou o ataque a Israel como um "ataque terrorista de uma organização terrorista".

Ele acrescentou que houve relativa calma no domingo na maior parte de Israel, mas combates intensos em Gaza, um enclave palestino bloqueado por Israel que testemunhou semanas de protestos de grupos de jovens devido a queixas de longa data relacionadas à ocupação militar israelense, à causa nacional palestina e à prolongada crise econômica.


Histórico do conflito

  • 1948: Milhares de refugiados palestinos se estabelecem na Faixa de Gaza em meio à guerra que se seguiu à declaração de independência de Israel. Território passa a ser controlado pelo Egito;
  • 1967: Israel ocupa a Faixa de Gaza e outros territórios árabes na Guerra dos Seis Dias;
  • 1973: Países árabes lançam ataque contra Israel na Guerra do Yom Kippur. Faixa de Gaza segue sob ocupação israelense;
  • 1993: Acordos de Oslo estabelecem compromisso em criar um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas o plano nunca chega a ser cumprido;
  • 2005: Israel anuncia a retirada de colonos judeus e de soldados da Faixa de Gaza;
  • 2007: Grupo extremista islâmico Hamas expulsa rivais do Fatah e passa a governar a Faixa de Gaza. Israel impõe bloqueio por terra, ar e água contra o território;
  • 2008, 2012 e 2014: Guerras recorrentes na Faixa de Gaza envolvendo bombardeios israelenses e disparos de foguetes pelo Hamas deixam milhares de mortos;
  • 2018: Residentes da Faixa de Gaza fazem série de protestos perto da fronteira com Israel, na chamada Marcha do Retorno. Atiradores israelenses matam centenas de manifestantes;
  • 2021: Nova guerra entre Israel e o Hamas deixa centenas de mortos na Faixa de Gaza;
  • 2023: Hamas rompe bloqueio e lança ataque surpresa por terra, água e ar contra Israel, que reage com bombardeios e declaração de guerra;
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