Conflito entre Israel e Hamas entra no 2º dia; mais de 1.100 pessoas já morreram

Forças israelenses continuam a bombardear Faixa de Gaza após ações terroristas do grupo radical islâmico

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Jerusalém | Reuters e AFP

Um dia depois de protagonizar o pior ataque sofrido por Israel em 50 anos, o Hamas continuou sua ofensiva neste domingo (8). Centenas de foguetes foram lançados a partir da Faixa de Gaza e atingiram casas, especialmente em cidades perto da fronteira, no sul. A facção palestina declarou ainda ter atacado o aeroporto internacional Ben Gurion.

O saldo de vítimas dessa nova investida era incerto. No total, mais de 1.100 já morreram de ambos os lados. Até a manhã de segunda, eram 700 israelenses pela contagem oficial —não estava claro se os 260 corpos encontrados em uma rave faziam parte da lista. Os palestinos contabilizavam 493 mortes.

Palestina retira itens de sua casa na Faixa de Gaza, bombardeada por mísseis de Israel - Said Khatib - 8.out.23/AFP

Enquanto isso, o governo israelense preparava uma operação para retirar milhares de civis de 24 localidades fronteiriças a Gaza e ao Líbano. Também estão previstas remoções no norte, na fronteira com o Líbano, que se tornou outro front depois do lançamento de foguetes pela facção Hizbullah, apoiada pelo Irã. A ação teve como alvo três postos militares nas Fazendas de Shebaa, uma fatia de terra ocupada por Israel desde 1967 que os libaneses reivindicam como sua.

As forças israelenses responderam com ataques de artilharia e uma ofensiva de drones a um posto do Hizbullah próximo da fronteira. Não houve relatos de vítimas. A milícia libanesa surgiu em 1985 como um movimento de resistência a Israel, que àquela época ocupava o sul do Líbano.

Segundo o The Wall Street Journal, Teerã ajudou a planejar os múltiplos ataques iniciados no sábado (7). De acordo com membros do Hamas e do Hizbullah ouvidos pelo jornal, a Guarda Revolucionária iraniana aprovou a ofensiva em um encontro em Beirute no dia 2, e o planejamento estaria sendo feito desde agosto. O governo dos EUA disse não ter evidências do papel direto de Teerã, mas declarou que investigações estão em curso

Se confirmado, o envolvimento iraniano torna ainda mais complexo o cenário para o premiê Binyamin Netanyahu, que neste domingo falou em um conflito "longo e difícil". Em busca de apoio internacional, Bibi, como é conhecido, conversou por telefone com líderes de países do Ocidente, como o americano Joe Biden, o britânico Rishi Sunak, o alemão Olaf Scholz e o ucraniano Volodimir Zelenski.

Após os serviços de inteligência terem sido pegos de surpresa, Tel Aviv afirmou que buscará eliminar "capacidades militares e de governo do Hamas e do Jihad Islâmico de uma forma que impediria a sua capacidade e vontade de ameaçar e atacar os cidadãos de Israel durante muitos anos".

Também está em avaliação uma possível incursão por terra no enclave palestino, que seguiu alvo de intensos bombardeios.

As autoridades israelenses também se veem diante de uma situação delicada ante os civis sequestrados por militantes do Hamas. De acordo com Tel Aviv, mais de cem pessoas foram feitas reféns. O número não foi confirmado pela facção palestina

O chefe do grupo Jihad Islâmico, Ziad al-Nakhala, afirmou que mantém em cativeiro mais de 30 israelenses. Os reféns não serão repatriados "até que todos os nossos prisioneiros sejam libertados", disse al-Nakhala, referindo-se aos milhares de palestinos detidos no país vizinho.

Há estrangeiros entre os reféns levados para Gaza. O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse à Fox News que dezenas de israelenses capturados têm cidadania americana. Já a embaixadora no Reino Unido afirmou à Sky News que um cidadão britânico está em poder dos terroristas. Autoridades do México e da Alemanha disseram suspeitar que cidadãos de seus países também foram sequestrados.

Não se sabe se os três brasileiros desaparecidos, segundo a contagem do Itamaraty, fazem parte do grupo de reféns.

Já no Egito, dois turistas israelenses e um guia egípcio foram mortos a tiros na cidade de Alexandria, informou o Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Na Faixa de Gaza, que concentra 2 milhões de palestinos, moradores relatam desespero sob os bombardeios israelenses. Ao menos 20 mil pessoas buscaram abrigo em escolas administradas pela UNWRA, agência das Nações Unidas que administra campos de refugiados na região.

Segundo a emissora qatari Al Jazeera, um bombardeio de Israel matou ao menos 22 membros de uma mesma família em Khan Younis, no sul do enclave palestino. Os membros da família Abu Daqqa estavam em suas casas quando foram atingidos pelos mísseis

Diante da escalada do confronto, o papa Francisco apelou ao fim da violência neste domingo (8), dizendo que o terrorismo e a guerra não resolveriam quaisquer problemas, mas apenas trariam mais sofrimento e morte a pessoas inocentes. "A guerra é uma derrota, apenas uma derrota. Rezemos pela paz em Israel e na Palestina.

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