Israel compara ataques do Hamas ao 11/9 e cobra apoio do Conselho de Segurança

Reunião do órgão da ONU neste domingo, porém, terminou sem emitir um comunicado sobre a situação

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Washington

O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, fez um duro discurso no início da tarde deste domingo (8), cobrando apoio da comunidade internacional ao país, que declarou guerra após o lançamento de uma ofensiva pelo grupo extremista islâmico Hamas no sábado (7).

As declarações foram feitas pouco antes de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, presidido neste mês pelo Brasil, sobre o tema. O órgão, no entanto, não emitiu nenhum comunicado, o que exige consenso de todos os membros.

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, mostra foto de civis mortos durante discurso na organização neste domingo (8) - Getty Images via AFP

O diplomata israelense comparou os ataques aos atentados terroristas do 11 de Setembro contra os Estados Unidos, classificou o Hamas como uma organização terrorista tal qual a Al Qaeda e o Estado Islâmico, e criticou países que defendem a possibilidade de uma negociação com o grupo.

"O que nós estamos testemunhando são crimes de guerra bárbaros", disse Erdan, enquanto mostrava fotos e vídeos de civis israelenses mortos e sendo sequestrados. Ele cobrou que os ataques sejam condenados pelo Conselho de Segurança como crimes de guerra.

"Esse é o 11 de Setembro de Israel, e Israel vai fazer de tudo para trazer seus filhos e filhas de volta para casa", afirmou.

O Hamas disse que a ofensiva foi motivada pelos ataques crescentes de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses.

O embaixador buscou caracterizar o conflito como uma guerra que extrapola o Oriente Médio, ao afirmar que os ataques são contra "o mundo livre" e a "civilização". "Se não formos bem-sucedidos, o mundo todo vai pagar o preço."

"Conforme o Conselho de Segurança se prepara para se encontrar hoje, Israel tem apenas uma demanda: os crimes de guerra do Hamas precisam ser condenados. Israel precisa ser apoiado para se defender, para defender o mundo livre", cobrou.

"Israel não vai aceitar falsas comparações imorais com um grupo terrorista selvagem que mira inocentes e o estado democrático de Israel. Essa não é a comparação que a ONU e o Conselho de Segurança podem fazer. Não há conciliação com terroristas genocidas".

Ao fazer o apelo, Erdan criticou o que chamou de "memória curta" da comunidade internacional, da ONU e do Conselho de Segurança sobre Israel, e disse que embora o país esteja recebendo apoio "hoje", sabe que isso pode deixar de ser verdade amanhã.

"Desde que o Hamas chegou ao poder, o mundo tentou dialogar com esses terroristas. A comunidade internacional tentou estabilizar Gaza e deu bilhões em ajuda. Esses fundos não foram para construir escolas e hospitais, eles foram explorados só para o terror. Cada palmo de Gaza se tornou uma máquina de guerra", disse.

Enquanto os Estados Unidos manifestam apoio total ao seu principal aliado no Oriente Médio, o representante chinês na ONU disse a jornalistas que o país condena todos os ataques a civis --o que implica tanto palestinos quanto israelenses.

Na reunião deste domingo, houve uma apresentação pelo observador das Nações Unidas sobre a situação na região, e a tônica das manifestações dos países-membros foi a necessidade de retomar as negociações pela paz, de acordo com o embaixador brasileiro Sérgio Danese, que participou do encontro.

Erdan ainda agradeceu o apoio que vem recebendo do governo americano, e disse estar em coordenação próxima com a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield.

Terroristas do Hamas mataram pelo menos 700 israelenses e feriram mais de 2.000 em um ataque surpresa lançado por por terra, água e mar no sábado (7). Também levaram mais de cem reféns israelenses para a Faixa de Gaza. Israel revidou com ataques aéreos e matou 413 palestinos, incluindo 20 crianças, além de deixar 2.300 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.

O conflito já se espraia para o norte de Israel, que na manhã de domingo sofreu ataques de foguetes do grupo xiita Hizbullah, apoiado pelo Irã. Não havia registros de mortos na ação. Israel revidou com bombardeios no sul do Líbano e ordenou a retirada de moradores da região de fronteira.

Na Faixa de Gaza, que concentra 2 milhões de palestinos, moradores relatam desespero sob os bombardeios israelenses. Ao menos 20 mil pessoas buscaram abrigo em escolas administradas pela UNWRA, agência das Nações Unidas que administra campos de refugiados na região.

Segundo a emissora qatari Al Jazeera, um bombardeio da Israel matou ao menos 22 membros de uma mesma família em Khan Younis, no sul do enclave palestino. Os membros da família Abu Daqqa estavam em suas casas quando elas foram atingidas por mísseis israelenses.

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