Descrição de chapéu Governo Biden

Hunter Biden vai a tribunal e se diz inocente de acusações sobre posse ilegal de arma

Segundo investigação, filho do presidente dos EUA não informou que tinha problemas com drogas ao comprar revólver

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Delaware | Reuters

Alvo indireto da oposição em processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, o filho de Joe Biden, Hunter, compareceu nesta terça-feira (3) a um tribunal federal no estado de Delaware e se disse inocente das acusações relacionadas à omissão do uso de drogas e posse ilegal de armas.

Hunter Biden, 53, tornou-se réu no mês passado após uma investigação apontar que ele não informou que tinha problemas com drogas, como manda a legislação, ao comprar um revólver em 2018. A acusação foi apresentada por David Weiss, conselheiro especial do Departamento de Justiça, dois dias após o líder republicano da Câmara pedir a abertura de processo de impeachment contra o presidente americano.

O presidente dos EUA, Joe Biden, com o filho Hunter chega a uma base aérea em Syracuse, Nova York - Andrew Caballero-Reynolds - 4.fev.23/AFP

Foi a primeira vez que o filho de um presidente no cargo tornou-se alvo de uma acusação criminal. De terno e gravata, Hunter admitiu ao juiz nesta terça ter sido viciado em crack, mas negou ter desrespeitado a legislação.

Mentir no formulário exigido por lei ao comprar uma arma e possuir o equipamento sendo um usuário de drogas ilícitas são crimes federais. Um júri federal em Delaware autorizou a denúncia contra Hunter por três crimes, dois relacionados às declarações falsas e um pela posse ilegal de arma.

Se considerado culpado, Hunter pode receber uma pena de até 25 anos de prisão. Há também previsão de multa, que pode chegar a US$ 750 mil (R$ 3,8 milhões na cotação atual). No entanto, é comum que condenados por esses crimes recebam sentenças mais amenas ou nem sequer sejam presos.

Abbe Lowell, advogado da defesa, havia solicitado ao tribunal que realizasse a audiência por vídeo, numa tentativa de diminuir a exposição de Hunter. Mas o juiz Christopher Burke rejeitou o pedido, e o filho do presidente teve de viajar quase 4.000 km, da Califórnia até Delaware —a audiência foi discreta e durou cerca de 25 minutos.

"As acusações [contra Hunter] são resultados da pressão política do [ex-presidente Donald] Trump e de seus aliados para forçar o Departamento de Justiça a ignorar a lei", disse Lowell em comunicado divulgado após a audiência.

Hunter falou apenas algumas vezes durante a sessão, e apenas para dizer "sim, meritíssimo", após ser questionado se entendia as acusações e se concordava com a defesa feita por seu advogado. Ele deixou o tribunal por uma saída lateral sem falar com a imprensa. Não há data definida para a próxima audiência.

Com problemas na Justiça e considerado uma espécie de ovelha negra da família Biden, Hunter é o principal alvo dos republicanos na tentativa de enfraquecer Joe Biden, a quem acusam de usar a estrutura estatal contra oponentes políticos —sobretudo após os processos contra o ex-presidente Donald Trump, que lidera com folga as pesquisas para reeditar a disputa eleitoral de 2020 com Biden em 2024.

Além de endossar a acusação de que Hunter mentiu ao comprar uma arma, os republicanos investigam negócios suspeitos do filho com empresas estrangeiras e o papel do pai nessas relações —nenhuma irregularidade foi comprovada até aqui. A apuração, porém, motivou a abertura do processo de impeachment contra Joe Biden —segundo o líder da Câmara, Kevin McCarthy, o Congresso precisa de mais poder para investigar as finanças da família Biden.

Hunter também teve de comparecer, em julho, a um tribunal em Delaware como parte de uma tentativa de acordo com a Procuradoria. As negociações caminhavam para o filho do presidente se declarar culpado pelo crime de contravenções fiscais. Em troca, ele não seria denunciado no caso envolvendo a compra da arma. Outras condições do acordo eram dois anos sem novos problemas com a Justiça e a submissão a exames toxicológicos.

A juíza que supervisiona o caso, Maryellen Noreika, porém, considerou os termos "confusos" e "atípicos", e o acabou fracassou. Lowell, o advogado de Hunter, disse nesta terça que apresentaria uma moção para encerrar o caso contra o filho do presidente porque, segundo ele, os diálogos de julho devem ser restabelecidos.

A Casa Branca nega qualquer envolvimento do presidente nos problemas do filho e diz que as investigações ocorrem de forma autônoma e independente. Joe Biden já manifestou apoiou ao filho em suas batalhas pessoais e jurídicas. Em entrevista no início do ano, ele disse que Hunter "não fez nada errado". "Confio nele. Tenho fé nele", afirmou.

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