Descrição de chapéu China

Morre Li Keqiang, premiê que foi voz a favor da abertura da China, aos 68

Político integrou regime de Xi Jinping por dez anos e era considerado um dos principais contrapesos ao dirigente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pequim | Reuters

O ex-primeiro-ministro da China Li Keqiang morreu de um ataque cardíaco súbito aos 68 anos, segundo a mídia estatal chinesa informou nesta sexta-feira (27), noite de quinta (26) no horário de Brasília.

"O camarada Li Keqiang, enquanto descansava em Xangai nos últimos dias, sofreu um ataque cardíaco súbito em 26 de outubro e, após todos os esforços para reanimá-lo terem falhado, morreu em Xangai dez minutos após a meia-noite de 27 de outubro", relatou a CCTV.

O ex-premiê da China Li Keqiang durante visita oficial à Suíça, em 2014 - Ruben Sprich - 24.mai.23/Reuters

O ex-primeiro-ministro chinês e chefe do gabinete da China serviu sob a liderança de Xi Jinping por uma década, de 2013 a 2023, aposentando-se em março.

Economista formado pela Universidade de Pequim, ele já foi visto como um dos principais concorrentes à liderança do Partido Comunista e acabou cada vez mais marginalizado por Xi nos últimos anos.

Ele afirmou em 2020 que mais de 600 milhões de pessoas na China ganhavam menos do que o equivalente a US$ 140 por mês, desencadeando um debate mais amplo sobre pobreza e desigualdade de renda e posteriores tentativas do regime de remover conteúdos que expusessem situações de pobreza no país.

"Não importa como os ventos e as nuvens internacionais mudarão, a China expandirá inabalavelmente sua abertura", afirmou Li em sua última aparição pública em uma entrevista coletiva, em março.

O ex-premiê nasceu em 1955 na cidade de Hefei, capital da província de Anhui, próxima a Xangai. Durante a faculdade, nos anos 1980, quando estudou direito —ele faria seu caminho como economista na pós-graduação—, ele se aproximou e fez amigos entre militantes pró-democracia.

Naquele período histórico chinês, Deng Xiaoping promovia reformas e a abertura econômica do país, até então fechado e sob o domínio de Mao Tse-tung, morto em 1976. Foi sob seu domínio, no entanto, que o movimento por maior democracia foi alvo de forte repressão, cujo símbolo maior foi o Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989 —até hoje um episódio sensível e um assunto praticamente proibido em Pequim.

Depois de se formar, contudo, Li se juntou ao partido e ganhou proeminência na Liga da Juventude Comunista para, em 1998, aos 43 anos, tornar-se o governador mais jovem do país, na província de Henan.

O período em que foi vice do primeiro-ministro Wen Jiabao coincide com a época em que Xi Jinping foi vice de Hu Jintao, de 2008 a 2013.

O atual líder chinês consolidou seu poder absoluto no país ao assegurar um terceiro mandato na reunião mais recente do Congresso Nacional do PC Chinês, finalizado em outubro de 2022 —o evento é realizado a cada cinco anos. Na ocasião, Li foi excluído do Comitê Central, embora tivesse idade para estar em tal posição.

O congresso também foi marcado por um momento curioso envolvendo o antecessor de Xi, Hu Jintao, com origem política na mesma Juventude Comunista de Li.

O ex-líder foi retirado de forma inesperada da cerimônia de encerramento do evento. Ele estava sentado à esquerda de Xi quando foi levado para fora do principal auditório do Grande Salão do Povo, em Pequim, por dois seguranças. Um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais mostrou um deles tentando levantar Hu de sua cadeira, que resistiu a deixar o local e precisou ser escoltado.

Analistas especializados na política chinesa afirmaram à época que a cena foi humilhante para a geração de líderes anteriores a Xi, e simbolizou um ponto final dado pelo líder chinês na ala proveniente da Juventude Comunista. Em março deste ano, poucos meses após a exclusão de Li e o congresso que consolidou Xi, o ex-premiê se aposentou.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.