Descrição de chapéu BBC News Brasil guerra israel-hamas

Quais países apoiam o Hamas e como ele é financiado; resumo

Irã, seu principal aliado, fornece armas, treinamento e financiamento à facção, mas Qatar e Turquia também têm ligações com ela

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

BBC News Brasil

O grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, tem no Irã seu principal apoiador —Teerã fornece armas, treinamento e financiamento a seus membros. O Hamas também recebe recursos do Qatar, de expatriados palestinos e de doadores privados no Golfo Pérsico, além de instituições islâmicas.

O Irã fornece atualmente cerca de US$ 100 milhões anuais (cerca de R$ 500 milhões) ao Hamas e a outros grupos de rebeldes palestinos, segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Houve especulações de que o ataque do Hamas a Israel, que deixou pelo menos 1.400 mortos, incluindo mulheres, idosos e crianças, foi orquestrado pelo Irã, embora o embaixador iraniano na ONU tenha negado o envolvimento do seu país. Os EUA também afirmaram não ter indícios da participação direta de Teerã no ataque.

Poucos países apoiam grupo militante palestino; entre eles, estão seu principal financiador, o Irã, além do Catar e da Turquia - Getty Images

Apesar disso, o Ministério das Relações Exteriores do Irã descreveu a ação do Hamas como um "ato de autodefesa" e pediu aos países muçulmanos que apoiassem os direitos dos palestinos.

O Irã e o Hamas também se opõem firmemente à perspectiva crescente de um acordo de paz histórico entre Israel e a Arábia Saudita —algo que tem grandes chances de não acontecer se a resposta militar de Israel aos ataques provocar revolta generalizada no mundo árabe.

A Arábia Saudita tem relações historicamente turbulentas com o Irã, que também é um inimigo ferrenho de Israel. Só em março deste ano as relações bilaterais entre os países foram normalizadas. Um acordo entre seus dois principais rivais deixaria o regime de Teerã ainda mais isolado.

Já o Qatar abriga o escritório político do Hamas e envia recursos a Gaza da ordem de US$ 360 milhões (R$ 1,8 bilhões) por ano. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, despacha da capital do Qatar, Doha, desde 2020, alegadamente porque o Egito restringe seu movimento de entrada e saída de Gaza.

As lideranças do Hamas estabeleceram presença no Qatar após se desentenderem com o seu anfitrião anterior, a Síria, quando refugiados palestinos participaram da revolta de 2011 contra o então presidente Bashar al-Assad que precedeu a guerra civil naquele país.

Segundo reportagem do jornal israelense Times of Israel, "desde 2018 o Qatar tem fornecido periodicamente milhões de dólares em dinheiro aos governantes do Hamas em Gaza para pagar o combustível da central elétrica do território, permitir ao grupo pagar aos funcionários que trabalham na administração e fornecer ajuda a dezenas de milhares de famílias empobrecidas".

Algumas figuras importantes do Hamas supostamente operam em escritórios do grupo na Turquia. O apoio turco ao Hamas aumentou após a ascensão do presidente Recep Tayyip Erdogan ao poder, em 2002.

Embora insista que apenas apoia o Hamas politicamente, a Turquia foi acusada de financiar atos extremistas do Hamas por meio de recursos desviados da Agência Turca de Cooperação e Coordenação. Diferentemente do Irã e do Qatar, a Turquia reconhece Israel e mantém relações diplomáticas com o país.

Historicamente, os expatriados palestinos e os doadores privados no Golfo Pérsico forneceram grande parte do financiamento ao grupo. Além disso, algumas instituições de caridade islâmicas no Ocidente canalizaram dinheiro para grupos de serviços sociais apoiados pelo Hamas, provocando o congelamento de seus ativos pelo Tesouro dos EUA.

Após o início do bloqueio de Israel e do Egito à Faixa de Gaza entre 2006 e 2007, o Hamas arrecadou receitas tributando as mercadorias que circulavam por meio de uma sofisticada rede de túneis que contornavam a passagem egípcia para Gaza.

Isso trouxe para o território produtos básicos como alimentos, medicamentos e gás barato para a produção de eletricidade, bem como materiais de construção, dinheiro e armas.

Depois que o ditador egípcio Abdel Fattah al-Sisi assumiu o poder em 2013, Cairo tornou-se hostil em relação ao Hamas, que o via como uma extensão do seu principal rival interno, a Irmandade Muçulmana (o Hamas foi criado no fim da década de 1980 como uma ramificação do braço palestino da Irmandade Muçulmana).

O Exército egípcio fechou a maior parte dos túneis que atravessam o seu território enquanto travava uma campanha antiterrorismo contra um ramo do autoproclamado Estado Islâmico no seu lado da fronteira, na Península do Sinai.

O Egito começou a permitir que alguns bens comerciais entrassem em Gaza através da passagem fronteiriça de Rafah em 2018. Em 2021, o Hamas teria arrecadado mais de US$ 12 milhões (R$ 60 milhões, na cotação atual) por mês de impostos sobre produtos egípcios importados para Gaza.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.