Xi Jinping diz que mulheres precisam iniciar 'nova tendência de família' na China

Dirigente defende políticas de incentivo à natalidade após país registrar primeiro declínio populacional em décadas

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Hong Kong | Reuters

Após a China registrar o primeiro declínio populacional em 62 anos, o líder do país, Xi Jinping, defendeu nesta segunda-feira (30) políticas de incentivo à natalidade e afirmou que as mulheres devem estabelecer o que chamou de uma "nova tendência de família".

Os comentários foram feitos em um fórum organizado pela Federação de Mulheres de Toda a China, que trabalha sob a supervisão do Partido Comunista. Xi disse que as mulheres têm um papel fundamental para a modernização chinesa. Também afirmou que o país deve estimular uma "nova cultura de casamento e de maternidade", embora sem informar detalhes relacionados a novas políticas.

O líder da China, Xi Jinping, no Grande Salão do Povo, em Pequim
O líder da China, Xi Jinping, no Grande Salão do Povo, em Pequim - Liu Bin - 28.set.23/Xinhua

No caso das mulheres, fazer um bom trabalho não está relacionado apenas ao desenvolvimento individual, acrescentou ele, mas também à "harmonia familiar e social, além do progresso nacional". O dirigente não detalhou o que seria a nova tendência de família, mencionada por ele.

O Escritório Nacional de Estatísticas da China divulgou em janeiro dados que apontam que o declínio populacional no país começou. Em outras palavras, o número de mortes de chineses foi maior que o de nascimentos no ano passado: segundo os números oficiais, morreram 10,41 milhões de pessoas no país e nasceram 9,56 milhões. A queda tem várias razões, entre as quais diminuição do número de casamentos, custo de habitação e educação e gravidez mais tardia das mulheres que priorizam a carreira, por exemplo.

Embora prevista, a diminuição populacional na China chegou mais cedo do que o esperado. Em agosto, o jornal estatal Global Times projetou que a população do país começaria a diminuir a partir de 2025. O declínio acelerado pode prejudicar o crescimento econômico e pressionar as finanças públicas, segundo especialistas.

A última vez que a população da China havia encolhido foi na década de 1960. À época, o país enfrentou a pior fome de sua história moderna causada pela política agrícola de Mao Tse-tung, chamada de Grande Salto Adiante.

O gigante asiático alcançou 1 bilhão de habitantes no começo da década de 1980. Em seguida, com uma política rígida de controle de natalidade, que permitia apenas um filho por casal em muitos casos, o crescimento populacional foi contido. Estima-se que a medida tenha impedido o nascimento de cerca de 400 milhões de pessoas desde sua aplicação, a partir de 1979.

A política de filho único foi suspensa em 2015. Em 2021, a China começou a permitir que os casais tivessem três filhos. Mas essas mudanças não foram suficientes para conter o declínio demográfico.

O país deve entrar em uma fase de envelhecimento populacional grave a partir de 2035, quando espera-se que pessoas com mais de 60 anos correspondam a mais de 30% da população nacional, segundo especialistas.

Diante da crise demográfica, a China tem introduzido políticas de apoio financeiro para famílias com mais de um filho. A cidade de Nanchan, capital da província de Jiangxi, na porção leste do país, por exemplo, informou no ano passado que famílias com dois ou três filhos menores de 18 anos receberiam subsídio que variava de 300 a 500 iuanes (R$ 230 a R$ 384).

Desde que o regime passou a estimular políticas de incentivo à natalidade, os meios de comunicação estatais chineses têm frequentemente associado o desenvolvimento econômico do país ao "rejuvenescimento" da população.

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