Descrição de chapéu guerra israel-hamas

G7 pede pausa humanitária na Faixa de Gaza, mas sem citar cessar-fogo

Declaração conjunta menciona necessidade de paz ao mesmo tempo em que reitera direito de defesa a Tel Aviv

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São Paulo

Reunidos no Japão para discutir a guerra entre Israel e o Hamas, os chanceleres do G7, grupo que reúne algumas das principais economias do mundo, divulgaram nesta quarta-feira (8) uma declaração conjunta pedindo uma pausa humanitária e o início de um processo de paz, mas sem mencionar um cessar-fogo, medida demandada por líderes críticos às ofensivas israelenses na Faixa de Gaza.

No encerramento do encontro de dois dias em Tóquio, os representantes do G7 reiteraram o direito de defesa a Tel Aviv, sublinhando ao mesmo tempo a necessidade de proteção aos civis e de cumprir o direito humanitário internacional. "Acredito ser importante que o G7 tenha sido capaz de transmitir a sua primeira mensagem unificada [no conflito]", disse a ministra das Relações Exteriores do Japão, Yoko Kamikawa.

Representantes do G7 reunidos em Tóquio, no Japão
Representantes do G7 reunidos em Tóquio, no Japão - Jonathan Ernst - 8.nov.23/Pool/Reuters

Os efeitos práticos da declaração, contudo, são incertos. Críticos apontam que o comunicado não especifica o que é o processo de paz, nem entra em detalhes sobre como as negociações serão estabelecidas.

Por ora, qualquer tentativa de diálogo parece distante. Israel tem sido criticado por punir de maneira coletiva e indiscriminada os civis de Gaza. Desde o início da guerra, mais de 10,5 mil palestinos morreram no território, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas; do lado israelense, foram ao menos 1.400 óbitos.

As pausas humanitárias, segundo o G7, são necessárias para facilitar o deslocamento de civis e a libertação dos reféns. Em um mês de conflito, apenas quatro vítimas sequestradas pelo Hamas foram soltas —o grupo terrorista diz ainda ter sob a mira mais de 200 pessoas.

Em declarações públicas, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, vem dizendo que qualquer possibilidade de cessar-fogo está descartada até que os reféns sejam libertados. Na segunda (6), ele disse ainda à rede americana ABC News que a responsabilidade pela segurança de Gaza após eventual fim do conflito e destruição do Hamas —objetivo declarado por Tel Aviv— será de seu país.

Mas o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, veio a público nesta quarta minimizar a declaração de Netanyahu. Ele negou que o premiê tenha a intenção de ocupar Gaza após a guerra. Ao mesmo tempo, defendeu novas medidas de segurança. "Estamos totalmente fora de Gaza há 17 anos e nos devolveram um Estado terrorista. É óbvio que não podemos repetir isto", disse ele, que participa como observador no gabinete de guerra formado pelo governo.

Na reunião do G7, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que Israel não deve governar Gaza, mas defendeu um período de transição após o fim do conflito atual. "Gaza não pode continuar a ser governada pelo Hamas. Isso simplesmente convida à repetição do 7 de outubro", disse.

Questionado sobre se todos os membros do G7 apelavam a pausas humanitárias ou se alguns eram a favor de um cessar-fogo total, Blinken disse que a declaração reflete "com precisão" o que foi discutido e que há "unidade real" entre o bloco.

Maior aliada de Israel, Washington diz que um cessar-fogo total poderia ser usado pelo Hamas para se reagrupar e vem ressaltando o direito de Tel Aviv de se defender e de reagir aos atentados de que foi alvo no mês passado. A ausência de menção à autodefesa, por exemplo, foi a justificativa para o veto americano à proposta de resolução do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.

No fim de outubro, a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução com pedido de trégua humanitária imediata. Capitaneado pela Jordânia, em conjunto com países árabes e islâmicos, o documento tem caráter apenas recomendatório —ou seja, nenhum país é obrigado a segui-lo. O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, chamou a resolução de "ridícula" e o pedido de trégua imediata, de "audácia".

Na terça-feira, os ministros do G7 também discutiram o que acontecerá após o fim do conflito em Gaza e como revitalizar os esforços de paz no Oriente Médio. Os representantes do grupo defenderam uma solução de dois Estados como "único caminho para uma paz justa, duradoura e segura".

Na esfera internacional, o G7 voltou a pressionar o Irã para que o país mantenha distância do conflito. "Pedimos ao Irã que se abstenha de apoiar o Hamas e de executar mais ações que desestabilizem o Oriente Médio, incluindo o apoio ao Hezbollah libanês e outros atores não estatais, e que utilize sua influência com estes grupos para reduzir as tensões regionais", diz a declaração do grupo.

O comunicado também reiterou o apoio do G7 à Ucrânia na sua guerra com a Rússia e condenou os testes de mísseis da Coreia do Norte e as transferências de armas para Moscou. O G7 é composto pelo Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos, além da União Europeia.

Com Reuters

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