Descrição de chapéu Rússia guerra israel-hamas

Refugiados da Ucrânia em Israel voltam ao seu país natal por causa da guerra

Cerca de 4.000 ucranianos fugiram do Estado judeu após ataques do Hamas, em 7 de outubro

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Emmanuel Peuchot Oleksandr Ianovski
Kiev | AFP

"Se eu tiver que morrer, que seja pelo menos no meu país", diz Tetiana Kotcheva. Assim com ela, ucranianos que encontraram refúgio em Israel após a invasão russa decidiram retornar à sua nação, apesar da guerra, para fugir do conflito com o Hamas.

Desde 7 de outubro, quando o grupo terrorista fez ataques no sul de Israel, cerca de 4.000 ucranianos fugiram do país, segundo números da embaixada ucraniana.

Anna Liashko, 28, e sua filha Diana, 8, caminham em um parque perto do rio Dnipro, em Kiev - Serguei Supinski - 3.nov.2023/AFP

Quando as tropas russas invadiram a Ucrânia, no final de fevereiro de 2022, Tetiana, de 39 anos, e seus três filhos, hoje com 14, 10 e 3 anos, moravam em Kharkiv, no nordeste do país, perto da fronteira com a Rússia.

Como a cidade foi um dos primeiros alvos dos bombardeios russos na Ucrânia, Tetiana e seus filhos ficaram escondidos por dez dias em um porão. Em julho de 2022, eles foram para Israel, onde o marido trabalhava.

"Pensei que ficaríamos três meses e depois voltaríamos, mas a guerra não acabou", diz ela. A família, então, se instalou em Ashkelon, uma cidade no sul, perto da Faixa de Gaza. Foi naquela região que o Hamas lançou um sangrento ataque no começo do mês passado.

"Minhas mãos começaram a tremer e experimentei a mesma sensação que tive quando a guerra começou no meu país", conta Tetiana, descrevendo o barulho das sirenes, as explosões e as noites nos abrigos com as crianças. "Quando o conflito se intensificou, entrei em pânico. Tive medo e percebi que precisava voltar para casa."

A família foi levada para o centro de Israel e ficou ali por alguns dias, antes de começar o retorno à Ucrânia, onde chegaram em 20 de outubro. Eles se instalaram novamente em Kharkiv —cidade que, embora seja alvo de bombardeios russos regularmente, há menos de um ano não está mais ameaçada de ser ocupada.

"É minha terra natal, minha bandeira. Não sei como expressar, mas estou feliz por ter voltado", afirma Tetiana.

A cerca de 400 quilômetros dali, na capital, Kiev, Diana, de 8 anos, dança sobre folhas secas em um parque às margens do rio Dnieper. A menina e sua mãe, Anna Liashko, de 28 anos, retornaram de Israel em meados de outubro. Elas haviam fugido da Ucrânia em março de 2022.

Naquela época, elas moravam em uma cidade ocupada pelos russos perto de Kiev, "onde estavam sob bombardeio, sem eletricidade, sem água e sem comunicação", diz Anna.

"Minha filha estava com muito medo, então decidimos ir para Israel", onde um primo dela morava. A mulher pensava que ficariam um ou dois anos no país. Mas em 7 de outubro, a guerra começou. "Os sentimentos eram os mesmos que em 24 de fevereiro na Ucrânia. Olhei para minha filha e vi medo em seus olhos", conta ela. "Entendi que não podíamos ficar lá".

Anna e sua filha deixaram Tel Aviv em 14 de outubro, ajudadas pela embaixada da Ucrânia.

Do centro de Kiev, Oksana Sokolovska, de 39 anos, também diz estar "feliz por ter voltado para casa", embora reconheça a dificuldade de fugir de uma guerra para chegar em outra.

Oksana Sokolovska, 39, em entrevista na capital da Ucrânia, Kiev - Genia Savilov - 2.nov.2023/AFP

Ela deixou a Ucrânia com seus três filhos em 16 de março de 2022, e escolheu Israel porque achava que era o país "mais seguro do mundo". A família se instalou em Rishon Le Tzion, perto de Tel Aviv.

Quando o ataque do Hamas começou, as sirenes de alerta aéreo tocaram, os bombardeios começaram e eles passaram a ficar o dia todo em um abrigo antiaéreo com as crianças, conta Oksana.

Ela conta que rapidamente decidiu deixar Israel, para não arriscar a vida dos filhos, e pegou um avião em 14 de outubro. "Atualmente, a situação está mais tranquila em Kiev e na região do que em Israel. Essa é a única razão pela qual voltei", admite.

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