Descrição de chapéu Natal guerra israel-hamas

Crianças mortas em guerras são pequenos Jesus de hoje, diz papa Francisco no Natal

Pontífice volta a pedir cessar-fogo e fim dos ataques de Israel à Faixa de Gaza e critica indústria de armamentos

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Philip Pullella
Cidade do Vaticano | Reuters

Em sua mensagem proferida nesta segunda-feira (25) de Natal no Vaticano, o papa Francisco dedicou seus apelos a Gaza, a faixa de terra palestina palco da guerra entre Israel e o Hamas que já deixou mais de 20 mil mortos em menos de três meses.

O pontífice comparou as crianças que morrem em guerras, incluindo as da Faixa de Gaza, a "pequenos Jesus de hoje" e afirmou que os ataques militares israelenses na faixa de terra estão gerando uma "colheita terrível" de civis inocentes mortos.

O papa Francisco faz seu tradicional discurso de Natal na Basílica de São Pedro, no Vaticano
O papa Francisco faz seu tradicional discurso de Natal na Basílica de São Pedro, no Vaticano - Divulgação Vaticano via Reuters

Francisco também chamou de abominável o ataque de 7 de outubro, perpetrado pelo Hamas no sul de Israel com um massacre de civis, e pediu novamente a libertação dos cerca de cem civis que ainda são feitos reféns pela facção em Gaza após um breve acordo de cessar-fogo que libertou mulheres e crianças sequestradas.

Falando da sacada central da Basílica de São Pedro para milhares de pessoas na praça homônima abaixo, ele criticou novamente a indústria de armamentos, dizendo que ela controla, em última instância, as "cordas de marionetes da guerra".

Celebrando o 11º Natal de seu pontificado, o papa Francisco, 87, também pediu o fim dos conflitos, políticos, sociais ou militares em lugares como Ucrânia, Síria, Iêmen, Líbano, Armênia e Azerbaijão, e defendeu os direitos dos migrantes em todo o mundo.

"Quantos inocentes estão sendo massacrados em nosso mundo. Nos ventres de suas mães, em odisseias empreendidas em desespero e em busca de esperança, nas vidas de todos os pequeninos cuja infância foi devastada pela guerra. Eles são os pequenos Jesus de hoje."

O argentino deu atenção especial à Terra Santa, incluindo Gaza, onde, segundo autoridades de saúde palestinas ligadas ao Hamas, a noite de Natal foi uma das mais mortais nesta guerra. Um ataque aéreo na região central de Maghazi teria deixado ao menos 70 pessoas mortas. Outro no sul, em Khan Yunis, teria deixado 23 vítimas. No total, afirmam os órgãos controlados pelo Hamas, morreram 250 pessoas em apenas um dia.

"Que a paz venha em Israel e na Palestina, onde esta guerra está devastando a vida desses povos. Eu abraço a todos eles, especialmente as comunidades cristãs de Gaza e toda a Terra Santa", disse Francisco.

"Imploro pelo fim das operações militares com sua ceifa terrível de vítimas civis inocentes e peço uma solução para a desesperadora situação humanitária por meio da abertura para a prestação de ajuda humanitária", seguiu o papa, cujo estado de saúde, com uma bronquite e dores no joelho, preocupou os fiéis nos últimos meses.

Na semana passada, a ONU afirmou em relatório que toda a população de 2,3 milhões de habitantes de Gaza enfrenta algum nível de fome.

O Vaticano, que tem relações diplomáticas com Israel e com a Autoridade Nacional Palestina, esta última responsável por controlar parcialmente a Cisjordânia (outro território ocupado), afirma que uma solução de dois Estados é a única resposta para o conflito de longa data.

Francisco pediu "diálogo perseverante entre as partes, sustentado por forte vontade política e apoio da comunidade internacional".

Dedicando um parágrafo inteiro de sua mensagem ao comércio de armas, acrescentou: "E como podemos falar de paz quando a produção, venda e comércio de armas estão em alta?"

Ele pediu mais investigação do comércio de armamentos. "Isso deve ser discutido e publicizado, para trazer à luz os interesses e os lucros que movem as cordas de marionetes da guerra."

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