Escritório do partido governista do Japão é alvo de buscas em meio a escândalo

Episódio coloca mais pressão no premiê Fumio Kishida, que vê popularidade cair e fala em possibilidade de reforma na sigla

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Tóquio | Reuters e AFP

Buscas do Ministério Público em escritórios do partido do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, nesta terça-feira (19), aumentaram a pressão sobre o líder do país asiático, que conta com o apoio de apenas 20% da população em meio a um escândalo financeiro na sua sigla.

Os promotores sustentam que dois dos vários grupos que compõem o tradicional Partido Liberal Democrata deixaram de relatar cerca de 600 milhões de ienes (quase R$ 21 milhões) ao longo de cinco anos. O canal público NHK exibiu imagens do momento em que investigadores entram em um edifício que abriga a sede dos grupos.

Veículo do Ministério Público de Tóquio sai de prédio onde está a sede do principal grupo do partido governista do Japão - Jiji Press/AFP

"O partido deve trabalhar para recuperar a confiança da opinião pública com um forte senso de urgência", declarou Kishida, antes de destacar que não poderia fazer comentários detalhados sobre a investigação. O premiê mencionou ainda, sem dar detalhes, a possibilidade de uma reforma para restaurar a imagem do partido, uma sigla de direita que governou o Japão pela maior parte das últimas sete décadas.

Algumas horas antes, o secretário-geral do partido, Toshimitsu Motegi, descreveu a operação como "extremamente lamentável". Ele disse que adotará "as medidas necessárias enquanto observa o avanço da investigação".

A ação dos procuradores em Tóquio é mais um episódio do escândalo que derrubou quatro ministros na quinta-feira passada (14): Junji Suzuki (Interior), Ichiro Miyashita (Agricultura), Yasutoshi Nishimura (Economia e Indústria) e Hirokazu Matsuno (Chefia do Gabinete).

Os dois últimos pertencem ao grupo que ficou conhecido pelo nome do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, seu antigo líder. Já Nikai é o nome informal da congregação que faz referência ao líder da sigla.

"Peço desculpas do fundo do meu coração", afirmou Nikai Toshihiro, segundo a agência de notícias Jiji, após a ação da procuradoria. "Cooperaremos com as autoridades com toda a sinceridade e trabalharemos para resolver essa questão."

Desde que a suspeita de suborno veio à tona, há algumas semanas, pesquisas registram queda da popularidade de Kishida. Levantamentos realizados no fim de semana pelos jornais Asahi, Yomiuri e Nikkei mostraram que as taxas de apoio do primeiro-ministro estão em torno de 20%, as mais baixas para qualquer primeiro-ministro em mais de uma década.

Já o apoio ao partido caiu abaixo dos 30% pela primeira vez desde 2012, quando a legenda voltou ao poder após uma breve interrupção em seu domínio na política japonesa nos últimos anos.

Analistas políticos compararam o caso ao escândalo conhecido como Recruit, ocorrido no final da década de 1980, quando alegações de abuso de informação privilegiada levaram o então premiê, Noboru Takeshita, e vários outros altos funcionários do governo a renunciarem.

Kishida, um ex-chanceler de família tradicional na política, foi eleito oficialmente o 100º premiê do Japão em outubro de 2021, ao ganhar a maioria dos votos nas duas Casas do Parlamento após pleitear a posição outras vezes.

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