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Ex-médico de Ruanda é condenado a 24 anos de prisão por genocídio

Sentença foi proferida em Paris, e Sosthene Munyemana, 68, também foi considerado culpado de crimes contra humanidade

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Paris | AFP

O ex-médico Sosthene Munyemana foi condenado a 24 anos de prisão por um tribunal de Paris por seu papel no genocídio da etnia tutsi em Ruanda, seu país natal, em 1994. A decisão foi proferida na noite desta terça-feira (19) —madrugada de quarta no horário local.

O ex-médico ruandês Sosthene Munyemana chega a tribunal de Paris para parte de seu julgamento por participar do genocídio de 1994 em Ruanda
O ex-médico ruandês Sosthene Munyemana chega a tribunal de Paris para parte de seu julgamento por participar do genocídio de 1994 em Ruanda - Alain Jocard - 14.nov.23/AFP

O ex-ginecologista de 68 anos foi considerado culpado de genocídio, crimes contra a humanidade e participação em uma conspiração para colocar em prática esses crimes. Ele foi preso imediatamente, e seus advogados disseram que vão apelar da decisão da corte parisiense.

O promotor do caso havia pedido pena de 30 anos de prisão, sob o argumento de que a soma dos atos de Munyemana na década de 1990 revelava "os traços de um verdadeiro genocida".

O ruandês foi acusado de assinar uma petição de apoio ao governo interino estabelecido após o ataque ao avião do presidente da etnia hutu Juvenal Habyarimana, episódio que desencadeou uma campanha de ódio racial do governo com a prática de massacres contra os tutsis entre abril e julho de 1994.

O genocídio deixou mais de 800 mil mortos, a maioria tutsis, segundo dados das Nações Unidas.

Ele também foi acusado de instalar barreiras e rondas de vigilância em Tumba, no sul de Ruanda, durante as quais pessoas eram detidas antes de serem assassinadas, e de ter em seu poder a chave de um escritório onde os tutsis eram trancados antes de sua execução.

Munyemana fazia parte de um grupo "que preparou, organizou e dirigiu diariamente o genocídio dos tutsis em Tumba", declarou o presidente do tribunal ao anunciar o veredicto nesta terça-feira.

Munyemana chegou à França em setembro de 1994, onde sua esposa e três filhos moravam, e trabalhou como médico de emergência e depois como geriatra até sua recente aposentadoria.

Seu processo judicial na França foi aberto em 1995 após uma denúncia apresentada em Bordeaux, e o caso foi transferido para Paris em 2001. A ordem de prisão foi emitida em 2018. Até aqui, seis homens foram condenados na França por sua participação no genocídio tutsi, com penas que variam de 14 anos de prisão à prisão perpétua.

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