Múcio diz que Brasil não vai ser instrumento de incidente diplomático entre Venezuela e Guiana

Ministro da Defesa teve reunião com presidente Lula nesta sexta para tratar da crise na fronteira

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Brasília

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse nesta sexta-feira (8) que o Brasil não vai ser "instrumento de incidente diplomático", a respeito da crise envolvendo a Venezuela e a Guiana.

A declaração foi dada a jornalistas na frente do ministério, antes de ele sair para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no final desta tarde. A escalada da tensão na fronteira foi abordada no encontro. "Estamos atentos para que não sejamos instrumentos de um incidente diplomático que envolve dois vizinhos", disse Múcio.

Após o encontro, a pasta soltou uma nota em que disse que não há novidades sobre os temas discutidos. Também foram abordadas as PECs em tramitação no Congresso e convites para solenidades.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes das três forças em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. - PEdro Ladeira-17.5.2023/Folhapress

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, tem intensificado as ameaças de invadir a Guiana para anexar Essequibo, território cuja costa é rica em petróleo. Assim, o Exército brasileiro decidiu antecipar o envio de 16 blindados para Boa Vista (RR), nesta semana.

Os blindados modelo Guaicuru costumam ser usados para transporte de militares e têm capacidade para cinco pessoas. O envio de 30 veículos estava previsto para ocorrer em 2024, mas a cúpula da Força avaliou ser prudente antecipar a primeira leva diante do possível conflito.

Caso tente invadir o território por via terrestre, as tropas venezuelanas passariam obrigatoriamente pelo território brasileiro, em especial por três cidades de Roraima estratégicas para a vigilância militar de áreas de fronteira: Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, e Bonfim e Normandia, na região da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, na fronteira com a Guiana.

A fronteira de Venezuela e Guiana tem poucos moradores e é marcada por área de floresta densa, o que torna quase impossível um deslocamento de tropas numerosas de um país a outro, na visão do Exército brasileiro. Por isso, uma ação teria de ocorrer pelo território brasileiro.

O entendimento hoje no Exército é de que a atitude de Maduro em relação a uma anexação de parte da Guiana –a região de Essequibo, equivalente a quase 70% do território guianense– se trata de uma bravata política de olho nas eleições presidenciais de 2024.

Integrantes do Exército dizem que a invasão de um país amigo seria um erro impensável por parte de Maduro, levando em conta as boas relações de Brasil e Venezuela após a eleição do presidente Lula.

O presidente brasileiro disse, nesta semana, que acompanha com crescente preocupação o aumento das tensões. Em discurso no encontro com chefes de Estado na Cúpula do Mercosul, nesta quinta-feira (7), ele disse não querer que essa questão se torne uma ameaça à paz e à estabilidade na América do Sul.

"Uma coisa que nós não queremos aqui na América do Sul é guerra. Nós não precisamos de guerra, não precisamos de conflito", afirmou Lula. Ele continuou: "Nós precisamos construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver o nosso país, a gente pode gerar riqueza e a gente pode melhorar a vida do povo brasileiro".

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