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Atos em defesa de Evo na Bolívia deixam 2 mortos

Apoiadores de líder bloqueiam rodovias contra decisão da Justiça que o impede de concorrer novamente à Presidência

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La Paz | AFP

Pelo menos dois civis morreram e 11 policiais ficaram feridos na Bolívia após dias de manifestações organizadas por apoiadores do ex-presidente Evo Morales. Os protestos, iniciados na segunda (22), são contra uma decisão da Justiça que impede que o líder se candidate à Presidência em 2025.

Segundo as autoridades, os civis, um homem e uma mulher, morreram após ficarem detidos em bloqueios de estradas na quarta (24).

Pessoas atravessam rodovia bloqueada como parte de protesto pró-Evo Morales em Parotani, na Bolívia, a pé e de moto - Patricia Pinto - 24.jan.24/Reuters

Ela, que tinha 53 anos e problemas de pressão arterial, foi impedida de percorrer o trajeto entre La Paz e Santa Cruz. Ele, identificado como René Pauasi, um trabalhador do setor de transportes de 57 anos, sofreu uma parada cardíaca na região de Chapare, no departamento de Cochamba, e não pôde ser socorrido a tempo em razão das obstruções.

Também na quarta, 11 agentes foram feridos por manifestantes que os atacaram com pedras e explosivos durante um ato no departamento de Potosí. O coronel Juan Amílcar Sotopeña, comandante regional da polícia, disse a uma rádio que os oficiais foram alvo de uma emboscada armada pela federação de agricultores local.

Alguns dos policiais foram encaminhados a hospitais, mas nenhum deles em estado grave.

Nesta quinta, o órgão responsável por administrar rodovias na Bolívia registrou 22 pontos de bloqueio, nas estradas de Cochabamba, Oruro, Potosí, La Paz e Santa Cruz. O número é maior do que os 16 registrados na quarta.

A mobilização é uma resposta a uma decisão anunciada pelo Tribunal Constitucional da Bolívia, instância máxima da Justiça no país, em 30 de dezembro. A sentença revogava a possibilidade de que um presidente ou vice-presidente permanecesse no poder por mais de dois mandatos, fosse de forma contínua ou intercalada.

A determinação impede o ex-presidente Evo Morales de se candidatar à Presidência em 2025 —fora essa a medida que havia permitido a ele concorrer nas eleições de 2019.

Na época, a administração afirmou que Evo saiu vitorioso, mas a oposição não reconheceu o resultado, acusando fraude, e ele renunciou, exilando-se no México. Quem assumiu o poder interinamente foi Jeanine Áñez, que dois anos mais tarde foi presa e condenada a dez anos de prisão sob a acusação de organizar um golpe de Estado.

Evo havia lançado sua nova candidatura à Presidência em setembro passado, em meio a uma crescente tensão com o atual presidente, Luis Arce, que serviu como seu ministro da Economia durante a maior parte de seu tempo no poder.

Durante o anúncio, o ex-presidente disse ter sido obrigado a concorrer ao posto devido a ataques do atual governo que, nas suas palavras, atentariam "fisicamente" contra sua vida.

Evo não pode recorrer do veredicto. Quando a sentença foi divulgada, o líder a descreveu como uma "decisão política". "Isso é uma prova da cumplicidade de alguns juízes com o 'plano negro' que o governo executa por ordens do império e com a conspiração da direita boliviana", escreveu ele no X na ocasião.

A decisão judicial reverte outra que, tomada pelo mesmo Tribunal Constitucional em 2017, considerava a reeleição um "direito humano". O novo entendimento baseia-se em um parecer da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 2021 que afirma que o processo eleitoral não se enquadra no rol de direitos humanos.

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