Juiz pergunta se júri acha que Trump sofreu injustiça, e ele mesmo ergue a mão

Ex-presidente responde a processo movido pela escritora E. Jean Carroll, que o acusou de abuso sexual

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São Paulo

Logo após vencer as prévias do Partido Republicano no estado de Iowa, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump compareceu a um tribunal de Nova York nesta terça-feira (16) para responder ao processo de difamação movido pela escritora E. Jean Carroll, que o acusou de abuso sexual.

Durante a audiência, o juiz Lewis Kaplan perguntou se algum dos selecionados para o júri achava que Trump havia sido tratado de forma injusta pelo tribunal. O próprio Trump levantou discretamente a mão e, diante de risos do público presente, ouviu do magistrado: "Nós sabemos como você se sente", de acordo com relato da agência de notícias Associated Press.

O ex-presidente Donald Trump discursa a republicanos em Iowa
O ex-presidente Donald Trump discursa a republicanos em Iowa - Chip Somodevilla - 15.jan.24/Getty Images via AFP

O ex-presidente —que ao que tudo indica voltará a disputar o comando da Casa Branca com Joe Biden—, foi considerado culpado de abuso sexual contra Carroll no ano passado. Na ocasião, o júri também o considerou responsável por difamação, pendendo a definição do valor da indenização a ser paga. A escritora reivindica US$ 10 milhões (R$ 48,7 milhões) por danos à sua reputação profissional.

"Nunca vi essa mulher na minha vida […] não faço ideia de quem ela é", afirmou Trump na semana passada sobre a querelante, a quem já chamou de mentirosa depois de ter sido condenado a pagar, em outro julgamento ocorrido no ano passado, mais de US$ 2 milhões (R$ 10,1 milhões) a ela.

O julgamento desta terça enfoca declarações feitas pelo republicano depois de a jornalista ter relatado a agressão sexual em um artigo de revista. Após o caso vir à tona, o então presidente disse que Carroll "não fazia seu tipo" e que havia inventado toda a história para "vender seu novo livro".

Colunista da revista de moda Elle por 26 anos, Carroll revelou o caso em 2019, quando a New York Magazine publicou um trecho de seu livro de memórias. Na sua versão, ela se encontrou casualmente com Trump na loja Bergdorf Goodman da Quinta Avenida, em Nova York, em 1996. Naquela época, Trump era um proeminente promotor imobiliário, e ela, uma conhecida jornalista e apresentadora de televisão.

Durante o processo, Carroll disse em depoimento oficial que Trump a teria empurrado contra a parede e estuprado no vestiário da loja. Os jurados tiveram a tarefa de decidir se houve estupro, abuso sexual ou toques à força na ocasião —uma agressão em qualquer uma das hipóteses. Posteriormente, eles foram provocados a decidir se Trump difamou Carroll ao afirmar que ela tinha inventado as acusações para aumentar as vendas de seu livro e prejudicá-lo politicamente.

A advogada de Carroll, Roberta Kaplan, alertou o tribunal na última sexta (12) do risco de a presença do republicano gerar caos na audiência. Numa tentativa de evitar que a sessão se transformasse em um comício político, o juiz de instrução Lewis Kaplan, por sua vez, deixou claro que "a única coisa que está em jogo no julgamento são os danos causados à senhora Carroll pelas declarações".

Trump solicitou o adiamento do julgamento para comparecer ao funeral de sua sogra, Amalija Knavs, na próxima quinta (18), na Flórida. Mas o juiz negou o pedido, mencionando que na noite de quarta (17) o republicano planeja participar de um comício em New Hampshire, na segunda disputa das primárias de seu partido.

"Ele usou do maior microfone do mundo para atacar Caroll, humilhá-la e destruir a reputação dela", afirmou a advogada da escritora na abertura da audiência desta terça. "Enquanto está em campanha, [Trump] continua a mentir sobre Carroll."

Confirmando expectativas, Trump venceu na segunda-feira (15) a primeira batalha pela nomeação republicana da corrida pela Casa Branca, em Iowa. Com mais de 95% dos votos contados, o ex-presidente tinha obtido 51% dos votos —maior percentual angariado por um candidato em uma disputa do partido.

A distância para Ron DeSantis, que teve 21,2% dos votos, foi de praticamente 30 pontos percentuais, outro número inédito. Em terceiro lugar ficou Nikki Haley, com 19,1% dos votos.

Com Reuters

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