Descrição de chapéu Coreia do Norte

Kim Jong-un propõe mudar Constituição para definir Coreia do Sul como inimiga

'Não queremos guerra, mas não temos intenção de evitá-la', diz ditador em meio a agravamento de tensões com Seul

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Seul | Reuters

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, avançou em seus planos hostis em relação à Coreia do Sul na segunda-feira (15) ao pedir a alteração da Constituição para garantir que o país vizinho seja visto como o "principal inimigo" da nação que comanda. Não está claro quando essas mudanças acontecerão.

O líder, no poder desde 2011, alertou ainda que seu país não pretende evitar uma guerra caso a tensão entre as duas Coreias chegue a esse ponto, informou a agência estatal KCNA nesta terça-feira (16).

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, discursa na Assembleia do país asiático, em Pyongyang - KCNA via KNS - 15.jan.2024/AFP

Em um discurso à Assembleia Popular Suprema, o Legislativo de fachada do país, Kim disse ter chegado à conclusão de que unificar a nação com o Sul não é mais possível. No seu ponto de vista, Seul busca o colapso do regime e a unificação por absorção.

Portanto, seguiu o ditador, a Constituição deve ser emendada para incluir a intenção de "ocupar, subjugar e recuperar completamente" a Coreia do Sul em caso de guerra; definir que os territórios devem permanecer separados; e abolir o uso do termo "compatriotas" para se referir aos habitantes do país vizinho.

A educação, por sua vez, deve ser adaptada para mostrar aos norte-coreanos que a Coreia do Sul é, invariavelmente, o "inimigo principal". "Não queremos guerra, mas não temos intenção de evitá-la", disse Kim, segundo a KCNA.

O ditador também pediu o corte de toda a comunicação entre as duas Coreias e a destruição de um monumento pela reunificação localizado na capital, Pyongyang. Três organizações que lidam com a unificação e o turismo dos dois países também seriam fechadas, acrescentou a mídia estatal. "Os dois Estados, tecnicamente em guerra, agora estão em confronto agudo na península coreana" diz a decisão que aboliu os órgãos.

Em uma reunião em seu gabinete, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, disse que Pyongyang estava negando a história ao classificar seu país como hostil.

Segundo Lim Eul-chul, professor de estudos da Coreia do Norte na Universidade Kyungnam, da Coreia do Sul, a retórica em relação a Seul e Washington no discurso de Kim tem como objetivo ajudar a manter a unidade interna do país e alcançar objetivos econômicos e militares enquanto os EUA estão distraídos com outras crises, como a guerra Israel-Hamas.

Por outro lado, Won Gon-park, da Universidade Ewha Womans, em Seul, argumenta que Kim parece se sentir ameaçado pela alocação de recursos estratégicos na península coreana por parte dos EUA e pelos esforços militares realizados pela Coreia do Sul em conjunto com os americanos e os japoneses. "A linguagem cada vez mais agressiva parece mostrar que ele sente que perdeu a vantagem na relação entre Coreias", disse o especialista à agência de notícias Reuters.

As mudanças propostas por Kim ocorrem em um momento em que as tensões se agravam na região. Desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), os dois países vizinhos tratam um ao outro de maneira diferenciada —as relações entre ambos dependem de agências e ministérios especiais que fazem as vezes dos ministérios das Relações Exteriores, por exemplo. Além disso, os dois adotam políticas para uma futura reunificação pacífica, geralmente visando a um único Estado com dois sistemas.

Há cerca de três semanas, porém, Kim já havia declarado em uma reunião que a reunificação pacífica era impossível e que o regime faria uma "mudança decisiva" na política em relação ao "inimigo". Ele também ordenou que o Exército estivesse preparado para pacificar e ocupar o Sul em caso de crise.

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