O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou as condições apresentadas pelo Hamas para encerrar a guerra e libertar reféns, que incluem a retirada completa das forças de Tel Aviv da Faixa de Gaza e a permanência do grupo terrorista no poder no território palestino.
"Em troca da libertação de nossos reféns, o Hamas exige o fim da guerra, a retirada de nossas forças de Gaza e a libertação de todos os assassinos e estupradores", disse Netanyahu em um comunicado publicado no domingo (21). "Rejeito categoricamente os termos de rendição dos monstros do Hamas."
Sami Abu Zuhri, um membro do grupo palestino, disse à agência de notícias Reuters que a recusa de encerrar a ofensiva militar "significa que não há chance de retorno dos reféns".
No mesmo dia, a facção afirmou em um comunicado que a incursão a Israel foi "uma resposta normal a todas as conspirações israelenses contra o povo palestino". O texto foi o primeiro documento público divulgado pelo Hamas para tentar justificar o ataque de 7 de outubro no sul de Israel.
O grupo admitiu ainda a possibilidade de ter havido erros durante a operação devido "ao rápido colapso da segurança israelense e do sistema militar e ao caos nas áreas fronteiriças com Gaza". O Hamas também pediu o fim imediato da agressão israelense no território palestino, que já deixou mais de 25 mil mortos até esta segunda (22), segundo o grupo.
"Insistimos que o povo palestino tem capacidade de decidir seu futuro e gerenciar seus assuntos internos", declarou a facção, ao negar eventuais projetos internacionais para Gaza.
No fim de novembro, um acordo intermediado por Estados Unidos, Qatar e Egito libertou mais de 100 dos cerca de 240 sequestrados durante o ataque. Em troca, 240 palestinos saíram de prisões israelenses. Desde então, Bibi, como o premiê de Israel é conhecido, tem enfrentado cada vez mais pressão para garantir a libertação dos cerca de 130 reféns que permanecem em Gaza.
Uma reportagem do site Axios publicada nesta segunda afirma que negociadores de Israel propuseram. por meio dos intermediadores do Qatar e do Egito, uma pausa no conflito durante dois meses para viabilizar a liberação de todos os reféns. Segundo autoridades israelenses ouvidas sob anonimato, o país ainda espera uma resposta do Hamas ao que seria a maior interrupção da guerra até agora, mas não seu fim.
Em um comunicado, o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, que reúne parentes dos israelenses capturados, exigiu que Netanyahu "diga claramente que não abandonaremos civis, soldados e outros sequestrados".
"Devemos avançar com o acordo agora", afirmou o fórum. "Se o primeiro-ministro decidir sacrificar os reféns, ele deve mostrar liderança e compartilhar honestamente sua posição com o público israelense."
Familiares dos sequestrados também protestaram em frente à residência de Bibi e chegaram a invadir o Parlamento de Israel.
Em comunicado, Netanyahu voltou a negar o estabelecimento de um Estado palestino. "Não vou comprometer o controle total da segurança israelense sobre todo o território a oeste do rio Jordão", disse.
"A minha insistência foi o que impediu, ao longo dos anos, o estabelecimento de um Estado palestino, o que representaria um perigo existencial para Israel. Enquanto eu for primeiro-ministro, continuarei insistindo fortemente nisso. Se alguém tem uma posição diferente, deve mostrar liderança e declarar abertamente a sua posição aos cidadãos de Israel", escreveu.
Dois dias antes, na sexta-feira (19), o presidente dos EUA, Joe Biden, disse ter conversado com Bibi sobre possíveis soluções para a criação de um Estado palestino independente, sugerindo que um caminho poderia envolver um governo não militarizado.
De acordo com a CNN americana, uma pessoa com conhecimento da conversa entre os dois líderes disse que a posição de Netanyahu no telefonema foi bem menos taxativa. Na ligação, o premiê teria dito que não descarta a criação de um Estado palestino, mas que os termos para isso ainda precisariam ser negociados.
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