Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Blinken faz giro pelo Oriente Médio após morte de três soldados americanos

Secretário de Estado dos EUA deve visitar quatro países para pressionar por alívio em tensões entre Israel e Hamas

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AFP

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, começou nesta segunda-feira (5) mais um giro diplomático pelo Oriente Médio numa tentativa de estabelecer uma trégua entre Israel e o Hamas. Trata-se da quinta viagem do diplomata à região desde a eclosão do conflito, e a primeira desde que três militares de seu país foram mortos na Jordânia, o que motivou retaliações das forças americanas contra alvos ligados ao Irã.

Blinken se reuniu com o príncipe herdeiro e premiê da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em Riad, a primeira parada da viagem. "O secretário enfatizou a importância de abordar as necessidades humanitárias em Gaza e evitar uma maior propagação do conflito", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, após o encontro de duas horas.

Antes de viajar, Blinken voltou a defender a urgência de "abordar as necessidades humanitárias na Faixa de Gaza", onde várias organizações vêm alertando sobre os impactos da devastação provocada por quase quatro meses de guerra. "A situação é indescritível", disse Said Hamuda, palestino que fugiu de sua casa para Rafah, no sul do território e próximo da fronteira com o Egito.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, embarca nos EUA rumo ao Oriente Médio
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, embarca nos EUA rumo ao Oriente Médio - Mark Schiefelbein/Pool/AFP

Rafah, uma "panela de pressão do desespero" segundo a ONU, é atualmente o lar de mais de metade dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza —a maior parte da população foi forçada a se deslocar devido aos ataques de Israel.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que pelo menos 128 pessoas morreram nas últimas 24 horas em ataques israelenses ao território. A facção relatou "ataques aéreos e de artilharia" ao redor de três hospitais em Khan Yunis, a principal cidade do sul da Faixa de Gaza, cercados por forças israelenses.

Israel, como de praxe, disse ter feito "ataques direcionados" nas zonas central e norte do território e matado "dezenas de terroristas que armavam emboscadas" para os soldados em Khan Yunis.

Blinken pretende discutir uma proposta de trégua que foi elaborada em janeiro pelas autoridades de EUA, Israel, Egito e Qatar, reunidas em Paris. A pressão diplomática ficou mais urgente com o aumento da ofensiva no Oriente Médio de grupos apoiados pelo Irã em solidariedade ao Hamas, o que levou a contra-ataques das forças americanas no Iraque, na Síria e no Iêmen.

A trégua proposta imporia uma pausa nos combates durante seis semanas, permitindo ao Hamas libertar reféns em troca de prisioneiros palestinos, segundo uma autoridade do grupo terrorista. Líderes da facção palestina, no entanto, indicaram que ainda não existe acordo e algumas autoridades israelenses se opuseram a fazer concessões.

A guerra eclodiu após os ataques sem precedentes do Hamas em 7 de outubro contra Israel, que deixaram cerca de 1.200 mortos, a maioria civis. Os terroristas também sequestraram cerca de 250 reféns e, segundo Israel, 132 permanecem em Gaza, incluindo pelo menos 27 que foram declarados mortos.

Tel Aviv prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma ofensiva militar que matou 27.365 pessoas em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, até a manhã desta segunda, segundo o Ministério da Saúde local.

Os habitantes de Gaza enfrentam condições humanitárias extremas. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) afirmou na rede social X que "o acesso à água potável e ao saneamento é muito limitado em meio a bombardeios incessantes".

A agência está no meio de uma polêmica após acusações de que 12 de seus funcionários participaram dos ataques de 7 de outubro. Muitos países, incluindo os EUA, cortaram repasses financeiros à agência após a denúncia.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, alertou no domingo (4) que o corte da ajuda à UNRWA ameaça a existência de uma agência que fornece "ajuda vital a mais de 1,1 milhão de pessoas em Gaza que enfrentam fome e doenças catastróficas".

O ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, disse ao jornal americano The Wall Street Journal que Washington não demonstrou apoio suficiente ao seu país. "Em vez de dar o seu total apoio, [o presidente americano Joe] Biden está ocupado dando ajuda humanitária e combustível [a Gaza], que vão para o Hamas", disse ele em entrevista publicada no domingo.

As declarações ocorreram após os EUA terem imposto sanções contra colonos israelenses devido ao aumento da violência contra civis palestinos na Cisjordânia ocupada.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, também está sob pressão devido à situação dos reféns. Centenas de pessoas protestaram neste fim de semana em Tel Aviv para exigir eleições antecipadas.

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