Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel promete 'passagem segura' para palestinos antes de operação terrestre em Rafah

Declaração de Netanyahu reforça temores de ataque a cidade que abriga 1,2 milhão de habitantes em Gaza

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Jerusalém | AFP

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu estabelecer uma "passagem segura" para os civis deslocados em Rafah, mantendo acesa a ameaça de uma ofensiva terrestre na cidade, localizada no sul da Faixa de Gaza.

Netanyahu reafirmou em entrevista sua intenção de estender a operação militar israelense para Rafah. Apesar de a comunidade internacional alertar para a possibilidade de um massacre na cidade que abriga metade dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza, Netanyahu disse à ABC News que iria dar continuidade ao plano.

Mulher sentada, vestindo vestimenta islâmica preta, observa escombros
Mulher observa destroços de prédios bombardeados pelas fortças israelenses em Rafah, no sul da faixa de Gaza. - Mohammed ABED /AFP

Ele disse concordar com o governo americano de que a operação precisará levar em conta, em seu planejamento, o impacto sobre os civis. "Vamos fazer isso ao garantir a passagem segura da população civil, para que possam sair", disse Netanyahu, segundo trechos da entrevista divulgados pela ABC.

Mas não está claro para onde poderiam ir tantas pessoas que estão amontoadas em barracas improvisadas na cidade que faz fronteira com o Egito.

Netanyahu afirmou que as autoridades israelenses estão "trabalhando em um plano detalhado" para realocar os civis. Rafah é a única cidade de Gaza em que as forças israelenses não entraram desde o começo da guerra com o Hamas, embora a região tenha sido bombardeada diariamente. "Disseram que Rafah era segura, mas não é. Todos os lugares estão sendo atacados", disse o palestino Mohamed Saydam depois de um ataque israelense que destruiu um veículo policial no sábado (10) em Rafah.

Na quinta-feira (7), o presidente americano, Joe Biden, disse que a resposta militar de Israel em Gaza é "exagerada", na crítica mais contundente do mandatário dos EUA a Tel Aviv desde o início da guerra. Neste domingo, os líderes conversaram por telefone.

Na ligação, Biden pediu ao premiê israelense que uma operação militar em Rafah não aconteça a menos que um plano "crível e realizável" garanta a segurança da população, segundo comunicado da Casa Branca. O chefe do Executivo americano também pediu "medidas concretas e urgentes para melhorar a eficácia e a consistência da assistência humanitária destinada aos civis palestinos inocentes".

"O presidente reafirmou nosso objetivo compartilhado de ver o Hamas derrotado e de garantir a segurança de Israel e de sua população a longo prazo", afirmou o comunicado da Casa Branca.

Netanyahu, que afirmou que a "vitória" sobre o Hamas só pode ser alcançada com a entrada de tropas em Rafah, ordenou na sexta (9) que suas forças se preparassem para a operação. Neste domingo, ele disse, na mesma entrevista para a rede ABC, que há "um número suficiente" dos 132 reféns israelenses restantes detidos em Gaza vivos para justificar a guerra em curso na região, sem especificar quantos.

"Vamos tentar fazer o nosso melhor para recuperar todos aqueles que estão vivos e, francamente, também os corpos dos mortos", afirmou. Seus anúncios dos últimos dias desencadearam uma onda de preocupação de líderes mundiais e organizações que atuam com direitos humanos.

"O povo de Gaza não pode desaparecer completamente", escreveu a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, nas redes sociais. Já o Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita alertou no sábado para as "repercussões muito sérias de um ataque em Rafah" e pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU. Por sua vez, o chefe da diplomacia britânica, David Cameron, expressou estar "profundamente preocupado" com a ofensiva e afirmou que "a prioridade deve ser uma pausa imediata nos combates, além do envio de ajuda e retirada dos reféns".

A guerra de quatro meses tem gerado condenação crescente entre a opinião pública israelense. Uma multidão protestou na noite de sábado em Tel Aviv exigindo a libertação dos reféns, a renúncia de Netanyahu e a convocação de novas eleições. "Claramente Netanyahu está prolongando a guerra, não tem ideia do que fazer quando acabar", afirmou o manifestante Gil Gordon.

O conflito também teve repercussões além de Israel e Gaza, com atos de violência de grupos aliados ao Hamas apoiados pelo Irã em todo o Oriente Médio. Um alto funcionário do Hamas sobreviveu a uma tentativa de assassinato atribuída a Israel no Líbano, disseram fontes de segurança palestinas e libanesas à agência de notícias AFP. Na Síria, ataques israelenses perto de Damasco resultaram em três mortes em um ataque a residências de autoridades militares e civis, disse o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

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