Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Netanyahu pede a Exército plano para invasão de Rafah e retirada de civis

Premiê de Israel diz ser 'impossível' eliminar Hamas sem ação em cidade superlotada por deslocados internos na fronteira

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Reuters

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta sexta (9) que o Exército de Israel precisa conduzir operações na cidade superlotada de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, com o objetivo de derrotar o Hamas. O premiê pediu aos militares que elaborem um plano de retirada dos civis da cidade, onde há mais de 1 milhão de palestinos.

Seu gabinete anunciou a medida em um momento em que tem aumentado a pressão sobre Israel ante a ameaça de um ataque terrestre em Rafah, o último refúgio de centenas de milhares de palestinos que estão presos na cidade após terem sido forçados a se deslocar de outras áreas do território.

Binjamin Netanyahu durante coletiva de imprensa em Jerusalém
Binjamin Netanyahu durante coletiva de imprensa em Jerusalém - Marc Israel Sellem - 7.fev.2024/Xinhua

"É impossível alcançar o objetivo da guerra sem eliminar o Hamas e deixar quatro batalhões do Hamas em Rafah. Pelo contrário, está claro que a intensa atividade em Rafah requer que os civis deixem as áreas de combate", disse o comunicado do gabinete de Netanyahu.

"Portanto, o primeiro-ministro ordenou às Forças de Defesa de Israel e aos órgãos de segurança que apresentem ao gabinete um plano combinado para retirar a população e destruir os batalhões."

Não está claro, no entanto, para onde os civis em Rafah poderiam ir. Muitos fugiram de cidades e vilas ao norte do território palestino devastadas pela guerra. Nesses lugares, os combates continuam e os suprimentos básicos estão criticamente escassos —e Israel não permite o retorno de quem deixou essas áreas.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quinta-feira (8) que a resposta de Israel aos ataques de 7 de outubro por terroristas do Hamas foi "exagerada", uma das críticas mais mais contundentes até aqui à ação militar de Tel Aviv. Washington afirmou que não apoiaria qualquer operação militar lançada em Rafah sem a devida consideração pelos civis

Grupos de ajuda humanitária dizem que haveria um alto número de mortes de palestinos se as forças israelenses invadissem a cidade e alertam para a crescente crise humanitária no local, que fica na fronteira com o Egito.

O comunicado de Netanyahu foi emitido dois dias depois de o premiê rejeitar uma proposta de cessar-fogo do Hamas que previa a libertação de reféns mantidos pelo grupo terrorista em troca de trégua de quatro meses.

O gabinete do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou nesta sexta que um plano anunciado por Netanyahu para uma escalada militar em Rafah tem como objetivo expulsar os palestinos de suas terras.

O gabinete do chefe da Autoridade Palestina, que governa parcialmente a Cisjordânia e passa por grave crise de legitimidade, disse que responsabiliza tanto a administração israelense quanto o governo dos EUA pelas repercussões do plano de Netanyahu.

A Autoridade Palestina pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que fique atento aos movimentos de Israel. "[Tel Aviv] tomar essa medida ameaça a segurança e a paz na região e no mundo. Isso ultrapassa todas as linhas vermelhas."

Rafah virou o foco da campanha militar de Israel em Gaza à medida que Tel Aviv desloca sua ofensiva para o sul em resposta ao ataque de 7 de outubro em Israel por integrantes do Hamas.

Mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza agora estão abrigados em Rafah, muitos deles encurralados contra a cerca de fronteira com o Egito e vivendo em tendas improvisadas.

"Há um sentimento de crescente ansiedade e pânico em Rafah, porque basicamente as pessoas não têm ideia para onde ir", disse Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, a agência de refugiados palestinos da ONU —o órgão foi acusado por Israel de ter funcionários trabalhando pelo Hamas.

"Estamos extremamente preocupados com o destino dos civis em Rafah", disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, na sexta-feira.

"O que está claro é que as pessoas precisam ser protegidas, mas também não queremos ver nenhum deslocamento forçado em massa de pessoas, o que, por definição, vai contra a vontade delas", disse Dujarric. "Não apoiaríamos de forma alguma o deslocamento forçado, que vai contra o direito internacional."

Médicos e trabalhadores humanitários em Rafah tentam fornecer ajuda básica e impedir a propagação de doenças. "Nenhuma guerra pode ser permitida em um gigantesco campo de refugiados", disse Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês de Refugiados, alertando para um "banho de sangue" se as operações israelenses se expandirem até o local.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, intensificaram nesta semana os esforços para garantir um cessar-fogo e criticaram publicamente o governo de Netanyahu.

Além de dizer que a resposta de Israel em Gaza tem sido exagerada, Biden afirmou que estava pressionando por um acordo para interromper os combates e, assim, permitir a libertação de reféns, além de aumentar a quantidade de ajuda humanitária ao território e normalizar as relações entre Israel e a Arábia Saudita.

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