Boeing pede que aéreas verifiquem cabine de modelo envolvido em incidente da Latam

Investigação preliminar sugere que causa de queda de altitude súbita do avião tenha sido esbarrão acidental em botão no assento do piloto

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São Paulo

A Boeing aconselhou nesta quinta-feira (14) companhias aéreas que mantêm em suas frotas exemplares do modelo 787 Dreamliner a verificarem as poltronas das cabines de pilotagem dessas aeronaves.

O pedido, encaminhado por meio de memorandos e divulgado pelo jornal americano The Wall Street Journal nesta sexta-feira (15), ocorre depois da revelação de que a possível causa de um incidente aéreo envolvendo o modelo ocorrido em um voo da Latam no início da semana teria sido um esbarrão acidental em um botão no assento do piloto.

Aeronave da Latam que teve perda súbita de altitude é vistoriada no aeroporto de Auckland, na Nova Zelândia - Brett Phibbs - 12.mar.24/AFP

De acordo com autoridades com acesso a evidências preliminares do incidente, um comissário de bordo teria apertado sem querer o botão enquanto servia comida na cabine. A ação teria empurrado o piloto sobre os controles, o que fez o avião ter uma queda rápida de altitude por alguns instantes.

O interruptor, localizado na parte de trás da cadeira, normalmente é coberto e não deve ser usado quando o piloto está no assento.

No texto ao qual o WSJ teve acesso, a Boeing recomenda que as organizações inspecionem as poltronas da cabine de pilotagem dos 787 Dreamliner para verificar se as capas dos interruptores estão no lugar. Também explica como desligar a energia do motor do assento caso necessário.

A fabricante de aviões disse ainda que avalia atualizar os manuais da aeronave distribuídos à tripulação. Mas não indica se a ausência ou não das capas sobre os interruptores pode ter contribuído para o ocorrido, além de ressaltar que o problema já era conhecido e que a Boeing emitiu um alerta relacionado a ele em 2017.

Questionada pelo jornal americano, a Latam afirmou estar trabalhando com as autoridades, mas se negou a falar sobre o assunto até a conclusão das investigações. Já os sindicatos de pilotos e de comissários associados à companhia aérea não comentaram.

A Boeing, por sua vez, encaminhou a mesma nota que havia divulgado anteriormente, na qual afirma estar em contato com a Latam e à disposição das investigações. A Ipeco, que produz os assentos localizados na cabine de comando, não respondeu ao WSJ.

O jornal ressalta que a investigação está em andamento, e evidências posteriores podem contradizer as descobertas preliminares.

O incidente em questão ocorreu na segunda-feira (11), durante um voo da Latam procedente de Sydney, na Austrália, com direção a Santiago, no Chile. O avião rumava para uma escala em Auckland, na Nova Zelândia, quando entrou em queda livre subitamente.

Muitos dos passageiros não estavam usando cintos de segurança, e alguns deles simplesmente voaram de seus assentos. Ao menos 50 pessoas tiveram que ser socorridas por equipes de emergência quando o avião chegou ao solo.

O incidente ocorreu dois meses depois de outro modelo da fabricante americana registrar problemas. No início de janeiro, uma porta de um Boeing 737 MAX 9 da companhia Alaska Airlines se soltou pouco depois da decolagem. Vários dos passageiros do voo apresentaram ferimentos leves.

Antes, o modelo da Boeing havia tido a sua circulação proibida por mais de um ano, depois que investigações apontaram que problemas em seu sistema de voo provocaram acidentes em duas situações distintas —a primeira, no final de 2018, durante um voo da companhia Lion Air, da Indonésia, e o segundo, no início de 2019, num voo operado pela Ethiopian Airlines. Os dois episódios totalizaram quase 350 mortes

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