Bombardeio de Israel na Síria mata ao menos 39 em frente paralela a Gaza

Maior ataque no país desde início da guerra no território palestino atinge membros do Hezbollah e do Exército sírio

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Boa Vista

Ao menos 39 pessoas morreram em um bombardeio de Israel na madrugada desta sexta-feira (29) na região de Aleppo, no norte da Síria. O ataque tinha como alvo depósitos de foguetes do grupo fundamentalista libanês Hezbollah no país.

Segundo a agência de notícias Reuters, citando três pessoas da área de segurança, 33 dos mortos eram do regime sírio, e 6, do grupo libanês, que é aliado próximo do Irã.

Fumaça vista em Damasco, capital da Síria, após bombardeio em fevereiro
Fumaça vista em Damasco, capital da Síria, após bombardeio em fevereiro - Ammar Safarjalani - 21.fev.2024/Xinhua

Já de acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), grupo com sede no Reino Unido e ampla rede de contatos na Síria, o número de óbitos foi de ao menos 42, entre integrantes do Exército sírio e membros do Hezbollah.

A ONG afirma ainda que esta é a ofensiva registrada com maior número de mortos do Exército do regime por um ataque israelense em território sírio. O ministério da Defesa da Síria, por sua vez, afirma que além de militares, civis também estão entre os mortos, sem precisar o número.

O ataque atingiu área próxima do aeroporto de Aleppo. A estrutura aeroviária tem sido alvo da campanha de Israel em sua frente norte, que desde o início do conflito contra o Hamas em Gaza tem visto escaramuças e trocas de ataques aéreos com foguetes e drones principalmente com o Hezbollah, na fronteira com o Líbano.

Logo após o início do conflito, por exemplo, ainda em outubro passado, a Síria acusou Israel de atacar aeroportos em Aleppo e em Damasco. Já em fevereiro deste ano, outro ataque na capital, em área residencial, matou duas pessoas e também foi atribuída a Tel Aviv pelo regime.

Paralelamente, as Forças Armadas de Israel afirmam que mataram Ali Abed Akhsan Naim, vice-comandante da unidade de foguetes do Hezbollah, em um ataque de drone na cidade de Bazouriye, no sul do Líbano, também nesta sexta.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou na data que as forças israelenses iriam "expandir a campanha [contra o Hezbollah] e aumentar a taxa de ataques no norte".

"Israel não vai apenas se defender do Hezbollah, mas persegui-lo, e alcançará qualquer lugar em que essa organização opera, seja Beirute, Damasco e locais mais distantes", disse.

A Rússia se manifestou sobre o assunto e condenou os ataques de Israel —Moscou é aliado do regime de Bashar al-Assad, com quem, como o Hezbollah, colaborou na guerra civil.

A porta-voz dos Ministério das Relações Exteriores do Kremlin, Maria Zakharova, disse que as ações, consideradas uma violação da soberania de Damasco, estão "repletas de consequências extremamente perigosas".

A ditadura de Assad é uma ponte importante entre o grupo libanês e Teerã que assegura território para treinamento, depósito e transporte de armas e recursos entre os aliados, ambos parte do autointitulado "eixo da resistência" liderado pelo Irã contra Israel no Oriente Médio.

Não à toa, o Hezbollah teve papel importante na guerra civil da Síria combatendo ao lado do regime de Assad.

Desde o início do conflito em Gaza, o Hezbollah, em solidariedade ao Hamas, ataca quase diariamente alvos no norte de Israel a partir do sul do Líbano, sua base territorial. Tel Aviv responde com ataques proporcionais, em um estado morno de conflito em que as duas partes evitam maiores escaladas, mas mantêm ofensivas.

Israel, no entanto, tem amplificado a profundidade e o escopo das respostas. As mais recentes atingiram áreas a mais de 100 km da fronteira. Há algumas semanas, Tel Aviv anunciou que já havia atacado "quase 4.500 alvos do Hezbollah" no Líbano e na Síria desde o início da guerra em Gaza.

Procurado pela AFP em Jerusalém, o Exército israelense afirmou, como é habitual em casos semelhantes, que não comenta informações divulgadas por meios de comunicação estrangeiros.

Com Reuters e AFP

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